
ANÁLISE
Batman: Arkham Origins
Tudo tem um início...
Por Nuno Nêveda a
Batman esteve presente no lançamento da Wii U e apareceu em boa forma no jogo Batman: Arkham City – Armoured Edition. Tratou-se de uma adaptação muito boa que aproveitou parte das capacidades da consola da Nintendo para oferecer uma experiência mais imersiva. Agora surge a oportunidade de pegar no terceiro e último título da trilogia, Batman: Arkham Origins.
Este capítulo decorre vários anos antes dos acontecimentos de Batman: Arkham City - Armoured Edition. Como o próprio nome indica, o enredo tenta explicar a origem de Arkham Asylum que serviu de pano de fundo nos jogos anteriores e pelo meio também mostra o percurso inicial de Batman como super-herói. Desta vez, Gotham City é o palco principal e é preciso enfrentar um longo período de terror desde o momento em que o mestre do crime Black Mask coloca a cabeça de Batman a prémio. Vários assassinos seguem o apelo e tentam obter a recompensa, muito deles deles nunca antes vistos nos jogos anteriores, como Deathstroke, Copperhead e Electrocutioner. Mas o grande destaque da história vai para o primeiro contacto de Batman com o demente Joker.
Batman Arkham Origins é o primeiro projecto da série fora da alçada da Rocksteady, o que acaba por explicar alguns dos problemas inerentes a este jogo. A transição de equipas de produção levou a um menor arrojo. Arkham Origins é baseado nas bases que alicerçaram Arkham City, mas falta a ambição e capacidade de ir mais além. As novidades são parcas e muitas vezes deixam a sensação de mais do mesmo.
Para quem conhece a série, a cidade a explorar não tem a dimensão de referências do género “sandbox”, mas é suficientemente vasta para achar a deslocação a pé ou com o gancho de Batman algo lenta. Felizmente, agora a cidade está dividida por secções com acessos rápidos. É assim possível usar o avião a jacto como transporte rápido para determinados pontos da cidade. Contudo, estes acessos precisam de ser desbloqueados. Para isso, é preciso enfrentar os desafios de Riddler, que decidiu bloquear a transmissão pelos vários locais de Arkham impossibilitando a deslocação rápida do Batman.A jogabilidade não mudou. O combate, que exige um misto de táctica e uma violência desenfreada ao carregar nos botões está de volta com algumas pequenas nuances. Por exemplo, podem-se usar as luvas eléctricas do Electrocutioner e dessa forma provocar ataques devastadores. Abordagens mais sorrateiras ou balancear entre edifícios continuam presentes e suficientemente desafiantes e com padrões de qualidade assinaláveis, mas sempre com uma forte sensação de “déjà vu”. Para quem percorreu os dois jogos anteriores, esta repetição tende a ser muito excessiva e maçadora. Mesmo estando na sua juventude, o nosso super-herói está desde o início equipado com a maior parte das suas ferramentas - como os Batarangs e a Batclaw - mas há mais equipamentos e actualizações que se tornam disponíveis à medida que se avança na aventura. Combater bandidos e completar missões dão os pontos de experiência necessários para evoluir o arsenal de Batman.
Talvez o maior destaque neste Akrham Origins esteja na tentativa de aumentar a importância das capacidades de detective de Batman. Este é também um dos poucos pontos em que o Wii U GamePad é chamado a intervir com as suas potencialidades. Ao longo da aventura há diversas cenas onde se investigam crimes. Durante estas secções de jogo, é necessário vasculhar em redor do cenário e usar o GamePad como uma espécie de scanner. O giroscópio do comando pode ser usado para controlar a acção e identificar pontos específicos na cena do crime, como um buraco de bala ou uma mancha de sangue. Com todas as pistas descobertas, pode-se recriar o crime na sua íntegra. De início, este espírito de detective oferece um ar de novidade, mas rapidamente se verificam as suas limitações. Uma boa ideia que não é capaz de aproveitar o seu potencial. De resto, e ao contrário de Arkham City, o GamePad serve apenas para mostrar o mapa. Ou seja, a jogabilidade segue os padrões mais tradicionais, sendo ainda compatível com o Pro Controller. Não esquecer que existe ainda a opção para se jogar a totalidade do jogo sem necessidade de se ter a televisão ligada. Os produtores introduziram ainda um sistema de conquistas de forma a que o jogo possa enviar automaticamente esses feitos para o MiiVerse. Incompreensivelmente, este é o único traço de funcionalidades online. Os modos multijogador presentes nas restantes versões foram totalmente ignorados na Wii U. Para agravar ainda mais as limitações desta versão, houve DLC planeados e que continham novos elementos para o enredo mas que acabaram por ser cancelados.
Graficamente Batman: Arkham Origins usa o mesmo motor de jogo do resto da trilogia e assim mantém o mesmo estilo gráfico e recria o ambiente negro da BD com a qualidade necessária. Alguns elementos são claramente reciclados dos títulos anteriores e a fluidez volta a ter alguns problemas. Os tempos de loading também são mais longos de que é aceitável. No campo sonoro, quase tudo corre dentro do desígnio da excelência. A banda sonora volta a cumprir com distinção e grande parte das prestações vocais é de elevada qualidade. O mesmo não se pode dizer da prestação do novo actor que deu voz ao Cavaleiro das Trevas. Em certa medida, Roger Craig Smith não conseguiu imprimir o mesmo carisma oferecido pelo veterano Kevin Conroy.
Conclusão
Este não é um mau jogo, mas é uma pequena desilusão. Depois de dois jogos que souberam fazer jus ao espírito da banda desenhada, Arkham Origins colou-se demasiado à formula já estabelecida e recicla inúmeros elementos sem ser excepcional em nenhum campo. A Warner Bros. Games Montreal não teve a inspiração suficiente para fazer Arkham Origins atingir outro patamar. Além disso, a versão Wii U tem ausências e limitações que a tornam na pior fornada do jogo menos bom da trilogia. Os fãs podem tirar alguma prazer deste título, os restantes que procuram uma experiência Batman devem optar pela melhor opção, Arkham City - Armoured Edition.
O melhor
- Batman de volta à Wii U
- Muito conteúdo para explorar
O pior
- Demasiados elementos reciclados
- GamePad quase ignorado
- Incompreensível ausência de multijogador
3 de Março, 2014, 23:53
Curti o Ahkram City, mas nao o acho um jogo por ai alem