
ANÁLISE
Yoshi’s New Island
Omelete caseira.
Por João Silva a
Para esclarecer eventuais dúvidas, Super Mario World 2: Yoshi’s Island é um jogo fantástico, ainda hoje extremamente apelativo pela sua originalidade tanto a nível de mecânicas de jogo como em termos visuais. Apesar de ter sido um sucesso, foi preciso esperar onze anos por um novo capítulo desta saga, desta feita sob a direcção de Nobuo Matsumiya para a Nintendo DS. Apesar da admirável tentativa de oferecer algo novo através do uso dos diferentes bebés, estes contribuíam sobretudo para deixar o jogador mais frustrado nos níveis mais avançados. É então agora, quase vinte anos após o lançamento do original, que Takashi Tezuka regressa para espalhar a sua magia em Yoshi’s New Island, uma nova aventura que apanha de forma impressionante os elementos que fizeram da primeira entrega um verdadeiro clássico...talvez até demais para o seu próprio bem.
O jogo começa com um pequeno resumo dos acontecimentos do original para Super Nintendo. Após os membros do clã Yoshi terem ajudado Mario Bebé a salvar o seu irmão e a cegonha de modo a que esta os entregasse aos seus pais, estes são deixados à porta daqueles, ou assim todos pensaram. Na verdade, a cegonha enganou-se na casa e enquanto se apressava em direcção ao verdadeiro lar dos bebés é novamente atacada por Kamek e seus capangas, acabando por deixar cair o Mario Bebé. É aqui que o jogador é levado ao local onde se desenrola o jogo, a ilha Ovoadora. Em tempos uma segunda casa para o clã Yoshi, Bowser Bebé decidiu que a ilha seria o local perfeito para a sua casa de férias. É assim com a colaboração entre os Yoshi e o Mario Bebé que está lançada a busca do esconderijo de Bowser Bebé, ao longo de seis regiões para libertar a ilha desse malvado e salvar o Luigi Bebé.Visualmente trata-se de um título de cores vivas e garridas, como é habito em jogos da Nintendo. Destacam-se facilmente os diferentes estilos artísticos ao longo do jogo, desde níveis desenhados a lápis de cera, a aguarela ou até mesmo pintura a óleo, tudo é recriado com uma fidelidade bastante boa. Os modelos das personagens infelizmente não estão ao mesmo nível mas ainda assim é um jogo bonito de se ver e possui uma fluidez invejável. Um aspecto que irá dividir os jogadores é a banda sonora, que segue a linha de Yoshi’s Island DS. Cerca de 80% das músicas consistem em alterações ao tema principal do jogo e de uma forma geral, cada um dos arranjos encaixa perfeitamente no tema da área em que é usado. Isto pode tornar-se um pouco cansativo para alguns, juntamente com o choro de Mario Bebé quando este está em perigo, mas ainda assim tudo se enquadra com aquilo que é habitual em jogos do Yoshi.
Quem já conheça um Yoshi’s Island anterior vai sentir-se em casa neste New Island. O progresso é feito de forma linear através de um mapa-mundo, a mecânica principal continua a ser engolir inimigos para gerar ovos, em cada nível encontram-se cinco flores sorridentes, vinte moedas vermelhas, trinta estrelas e um número exagerado de diferentes tipos de Masquitos. No final de cada nível encontra-se ainda um anel que funciona como uma roleta para atribuir bónus, aparentemente tudo igual aos anteriores. E na realidade é assim mesmo, as mecânicas principais são idênticas, para o bem e para o mal. As poucas novidades resumem-se a uma pequena alteração às transformações do Yoshi, todas elas fazendo uso do giroscópio da 3DS em combinação com qualquer botão, e por incrível que pareça a combinação funciona. No entanto este esquema de controlo tem um preço, durante essas secções o efeito 3D perde-se e todas elas são praticamente linhas rectas. Felizmente duram pouco tempo e não surgem de forma frequente (sendo algumas delas opcionais). A segunda novidade são os Megademolidovos, ovos de proporções titânicas que destroem tudo à sua passagem, existindo também uma variante, os Megademolidovos metálicos que ajudam o jogador a submergir em áreas aquáticas. Estes infelizmente transmitem a mesma ideia que os Mega Cogumelo da série New Super Mario Bros., eles existem para dar a sensação de um poder incrível, mas pouco contribuem para tornar o jogo mais elaborado. O grande destaque é assim o desenho dos níveis, com o regresso de Takashi Tezuka ao leme da série os níveis tornaram-se mais focados e com uma dificuldade mais justa do que aqueles na aventura do Yoshi na DS. O jogo é bastante fácil se apenas se tentar completar o nível de qualquer maneira mas quem ambiciona atingir todos os máximos de coleccionáveis em cada nível vai encontrar um desafio considerável nos níveis mais avançados. Ainda assim, a Nintendo decidiu incluir uma ajuda opcional para quem tiver dificuldades em ultrapassar obstáculos em certos pontos do jogo: após três mortes surge um par de asas que ajuda a flutuar e à quarta morte é possível adquirir uma invencibilidade total. Possivelmente relacionado com estes auxiliares, o jogo dispõe de uma funcionalidade opcional que envia dados relativos à performance do jogador através do Spotpass, para posteriormente serem avaliados pela Nintendo com o intuito de contribuír para o desenvolvimento de futuros lançamentos. Vale ainda a pena salientar mais um trabalho fantástico de localização por parte da Nintendo, o jogo apresenta a opção de ser jogado totalmente em português o que irá agradar especialmente aos pais que pretendam adquiri-lo para os mais novos.
A longevidade vai depender muito da forma como cada um decidir jogar, até ao terceiro mundo os níveis são relativamente lineares mas ainda assim, apresentam uma duração razoável a quem tentar encontrar todas as flores sorridentes e moedas vermelhas. De forma mais concreta e para apreciar tudo o que o jogo oferece, pode-se contar com uma aventura de oito horas, sendo necessárias outras tantas para desbloquear todos os níveis extra. Para além do modo história existe ainda uma colecção de vários minijogos para dois jogadores e que podem ser jogados localmente usando apenas uma cópia do jogo. Estes são pequenos desafios baseados nas mecânicas principais do jogo, como ver quem consegue flutuar até mais longe ou quem consegue rebentar mais balões da sua cor com ovos. No final os totais são somados e ficam guardadas as melhores pontuações, mas uma vez que não existem tabelas de pontuação online, estes recordes tornam-se um pouco irrelevantes.
Conclusão
Apesar de pouco original, Yoshi’s New Island é uma boa surpresa depois do desastre que foi Yoshi’s Island DS. A nova aventura de Yoshi introduz uma mão cheia de novas ideias que complementam a base sólida da série de modo a criar algo muito familiar. Yoshi’s New Island reúne assim todos os ingredientes necessários para se tornar num verdadeiro clássico entre as gerações mais jovens e numa séria opção a considerar por todos aqueles que procuram um novo título do género para a consola portátil da Nintendo.
O melhor
- Variedade de estilos visuais
- Desenho dos níveis que recompensa a exploração
- Controlos praticamente inalterados do clássico Yoshi’s Island
- Excelente tradução para português
O pior
- Escassez de novidades torna-o pouco entusiasmante
- Música pode tornar-se repetitiva
13 de Março, 2014, 15:12