
ANÁLISE
My Exotic Farm
África Minha.
Por Manuel Morais a
Qualquer pessoa minimamente entendida no assunto pensa que um jogo sobre animais é um título de fraca qualidade e feito à pressa. Esse estereótipo acaba por ser quase sempre verdade, My Exotic Farm não é excepção, tendo as bases para ser algo minimamente interessante mas que são rapidamente deitadas fora por causa de uma jogabilidade repetitiva.
O enredo resume-se a uma personagem que farta da vida da cidade, decide criar uma quinta de animais no outro lado do mundo. Isto por si só não é negativo porque existem vários títulos sem enredo e que funcionam bem. A partir deste ponto, há algumas páginas de tutoriais a passar e a personagem é largada na quinta onde se desenrola o (parco) conteúdo do jogo.
A jogabilidade, uma vez compreendida é relativamente simples. Pode-se comprar e vender animais, produtos, comida e melhorias para a quinta. Os produtos vendidos são de origem animal e outros animais que crescem com o tempo podem ser vendidos por um valor maior que o seu custo. O objectivo é então maximizar as reservas de dinheiro e melhorar a posição da quinta, o que desbloqueia coisas novas para comprar, como outros animais ou as referidas melhorias.
Apesar de nesta base estar contido um simples (mas que entretém) jogo de gestão, este é completamente posto de lado pela parte de cuidar dos animais. Quando os animais têm fome, têm de ser alimentados e isto faz-se a arrastar comida no ecrã até ao ícone do animal meia-dúzia de vezes. Quando o animal está alimentado, fica sujo por ter estado a comer e é preciso limpá-lo. Quando já está limpo, aparecem fezes no chão da quinta que também têm de ser limpas, mais uma vez esfregando o ecrã.
É verdade que esta vertente pode ser considerada o verdadeiro objectivo do jogo para agradar ao público mais jovem, mas não tem um mínimo de profundidade para que se possa tornar interessante. Além disso, toda a restante abordagem do jogo faz com que não seja muito orientado para crianças, ficando assim sem um público-alvo concreto. O problema é que não é apenas um, mas sim cinquenta animais (o valor máximo) de que é preciso tratar. Passam meia-dúzia de segundos com a quinta efectivamente a avançar e a produzir, e lá se tem de parar o jogo para alimentar e limpar os cinquenta animais, um por um. Acaba-se então por entrar num ciclo sem fim. Limpa-se e alimenta-se, produz-se durante um curto espaço de tempo, vende-se os resultados dessa produção, compram-se alguns melhoramentos ou animais com o lucro e o ciclo volta ao início. Rapidamente se torna enfadonho e sem muito de diferente para fazer, e apenas com aquela única quinta, basta cerca de uma hora para ver tudo o que o jogo tem e três ou quatro horas para chegar ao nível máximo e se ter praticamente dinheiro infinito, o que para os cinco euros que custa é pouco, dada a repetitividade. O único conteúdo adicional reside nos desafios ocasionais que são propostos em troca de pontos de experiência, mas estes em nada mudam o processo, apenas a decisão de quais os animais a manter na quinta (para cumprir o que é pedido).
Tecnicamente não existe nada para mostrar. Todo o jogo é passado sem música excepto no menu e o grafismo, não sendo medíocre, deveria ser suficientemente simples para o jogo poder correr a uns 60fps constantes, algo que não acontece, especialmente quando estão muitos animais no ecrã.
Conclusão
My Exotic Farm tem as bases para aquilo que podia ser um simples mas divertido jogo de gestão. No entanto, com constantes tarefas enfadonhas para realizar, uma má componente técnica e pouco conteúdo, é um jogo sem nenhuma ponta para agarrar, não sendo recomendável a nenhum tipo de jogador, mesmo a um preço baixo.
O melhor
- Funciona sem falhas aparentes
- Podia ser um jogo de gestão interessante...
O pior
- ...mas passamos a maior parte do tempo a limpar animais
- Demasiado repetitivo e enfadonho
- Fraco visual e com pouca fluidez
- Muito pouco conteúdo
16 de Maio, 2014, 19:19
Ja se sabia, o shovelware acabaria por chegar mais tarde ou mais cedo..