
ANÁLISE
Sayonara UmiharaKawase
Anzol de confiança.
Por Fábio Pereira a
UmiharaKawase nasceu de uma colaboração independente. A sua estreia na Super Famicom revelou uma produção de baixo orçamento com cenários feitos a partir de fotografias pixelizadas e uma combinação de cores pálida. A jogabilidade e uma dificuldade elevada concederam-lhe um cariz muito específico logo nos primeiros momentos. Apesar de pouco ambicioso e de uma estreia de fraco impacto junto do público,Umihara Kawase conquistou um lugar de culto. O destino quis que sobrevivesse durante mais uns anos e chegou finalmente à 3DS pelas mãos da Agatsuma Entertainment. Na era do 3D, como se adapta UmiharaKawase a uma nova perspectiva e a um público muito maior?
Sayonara UmiharaKawase é um jogo de plataformas 2D inserido em ambientes tridimensionais. O jogador controla uma de várias personagens femininas que conferem diferentes condições ao jogo. A protagonista, Umihara Kawase, não tem qualquer habilidade especial. Já a sua versão infantil permite recomeçar o nível partindo de um checkpoint, mas apenas uma vez. A amiga de infância Emiko tem a mesma habilidade, com a diferença de poder ser utilizada várias vezes. Por último, aparece Noko Yokoyama, a descendente de Umihara, que pode mover-se em câmara lenta. Apesar destas diferenças, a jogabilidade é igual para todas.
O objectivo em cada nível é alcançar a porta de saída. A personagem utiliza uma linha de pesca com um anzol que se agarra a praticamente todo o tipo de superfícies, excepto certos pisos como o gelo. A física responde satisfatoriamente, mas não há grande espaço para simplesmente brincar com as mecânicas devido ao desenho dos níveis que limita muito a acção. Os controlos parecem inicialmente cingidos ao direccional, criando algum desconforto quando se quer atirar a linha na diagonal, por exemplo, mas bem escondida nas opções de jogo está a opção de activar o analógico. Aliás um dos problemas do jogo é precisamente a disposição pouco intuitiva dos menus, o que prejudica a navegação. A dificuldade está muito ligada ao método tentativa e erro. Ao dominar o balanço da linha, o jogador sente-se muito melhor com cada salto bem executado, mas até lá é preciso repetir o nível várias vezes. A linha pode retrair-se para uma puxada rápida, para criar impulso para um salto por exemplo, ou esticar-se no caso de se prender o anzol ao chão e descer calmamente até ao piso inferior. Serve ainda para pescar sacolas espalhadas pelos níveis com bónus e atordoar os inimigos conhecidos pelo seu estranho aspecto de peixe com pernas humanas. Os bosses seguem o mesmo estilo e vão obrigar os jogadores a puxar pela cabeça na hora de os derrotar.Visualmente UmiharaKawase pode ser estranho à primeira vista. Cenários poucos trabalhados, elementos aleatórios como semáforos ou borrachas e uma estrutura composta por linhas rectas e padrões coloridos. Este aspecto confere-lhe algum carisma e apesar de ser aceite pelos seus fãs, os novos jogadores podem ver isto como simples desleixo de quem não se esforçou o suficiente. Tal como a banda sonora que o acompanha e que tem um certo charme dos jogos de plataformas da quarta geração, mas isso poderá não ser encarado de forma positiva para justificar o seu preço. A duração média do jogo é equilibrada por uma série de segredos que permitem desbloquear novos caminhos. O jogo oferece um bom desafio e isso ajuda a prolongar a sua longevidade relativamente curta, se se pensar na extensão geral dos níveis. O conteúdo extra suscita pouco interesse. Pode-se gravar a performance, uma opção que poderá agradar aos "quebra recordes", e completar uma galeria com dicas e músicas.
Conclusão
Sayonara UmiharaKawase continua a ser um jogo de nicho. Perfeito para quem aprecie uma jogabilidade propositadamente recheada de desafios que satisfaz qualquer um que a consiga dominar. A dificuldade pode afastar alguns e a repetição constante de novas tentativas não o torna propriamente ideal para sessões longas que correm o risco de acabar em frustração. Tem um charme muito único dos casos pontuais, onde se gosta ou odeia. Sendo o primeiro capítulo a chegar à Europa, é uma série que só agora começa a trilhar caminho num mercado diferente. Quem de alguma forma experimentou os títulos anteriores pode contar aqui com tudo aquilo que define a série UmiharaKawase. Aos restantes, apesar de parecer um simples jogo de plataformas, é um caso algo específico e convém experimentar primeiro antes de comprar.
O melhor
- Estilo muito próprio
- Mecânica desafiante
O pior
- Esteticamente pouco atractivo
- Menus e conteúdo limitado