
ANÁLISE
Pandora's Tower
WII
Por Fábio Pereira a
Pandora's Tower é o número três da trilogia que a Nintendo apoiou para colmatar a falta de RPGs na Wii, género que os fãs da consola reivindicaram durante muito tempo. A produção do último capítulo caiu nas mãos da Ganbarion, mais conhecida pelas adaptações de One Piece aos videojogos, e que apostou num RPG de acção bem diferente dos anteriores Xenoblade Chronicles e Last Story da Monolith Soft e Mistwalker, respectivamente.
A história de Pandora's Tower narra o sofrimento de uma jovem amaldiçoada por uma estranha marca que aos poucos a transforma num monstro, e o desespero de um soldado que procura descobrir a forma de erradicar esta maldição. Com a orientação de uma velha mercadora, partem para a Scar, uma enorme fissura na terra que ameaça rasgar o mundo. No meio do fosso, sustentadas por enormes correntes que impedem a progressão da cicatriz, estão treze torres, protegidas por seres demoníacos que guardam a cura para a maldição. A única forma de travar o avanço da maldição é através da ingestão de carne das criaturas que vagueiam nas torres, mas para eliminar de vez essa maleita é necessário comer o coração de cada um dos guardiões das torres, algo que estes não estão dispostos a dar de mão beijada, cabendo assim ao jogador arrancá-los à força.
Esta busca pela cura é mote suficiente para colocar o jogador a viajar por todas as torres e desbravar caminho por entre hordas de inimigos. Cada uma das torres tem uma temática própria que se vai reflectir no seu guardião. Torrent Peak mostra uma enorme espiral de água no centro e o seu guardião é inspirado num animal marinho, Crimson Keep destaca-se pelas fornalhas e pela lava a escorrer do tecto, num ambiente infernal que culmina num encontro com uma enorme criatura nascida do fogo. Estes são apenas dois exemplos das torres que contam com as mais variadas temáticas, umas mais óbvias que outras, mas todas elas desenhadas de forma exemplar. O próprio grafismo revela algum cuidado, principalmente na concepção das personagens principais, do mestres das torres e das respectivas arenas, mas nunca chega a impressionar e com certos elementos e objectivos a repetirem-se ao longo de todas as torres, gera uma ligeira sensação de monotonia.
Antes do encontro com o guardião, é preciso quebrar as correntes que o mantêm aprisionado. Dependendo do número de correntes, existem salas espalhadas pela torre que estão ligadas as estas e constituem a chave para abrir caminho até ao objectivo final, tendo o jogador que as destruir. Pelo meio, encontramos muitos inimigos e puzzles que teremos de solucionar para descobrir o melhor percurso. Não são propriamente desafios complicados, mas o excelente desenho dos mapas permite uma fluidez que mantém o jogador colado ao ecrã até entrar pela porta final e esventrar o coração do mestre da torre.
Executar a tarefa com as suas próprias mãos seria algo complicado para o herói. Para facilitar, está disponível um arsenal simpático, que conta com espada, facas, foice e uma corrente mágica como auxiliar. As armas comuns são o suficiente para lidar com os monstros normais, mas é a corrente que vai ditar a vitória contra os mestres das torres. É também esta que nos permite alcançar locais altos e activar determinados mecanismos, sendo uma peça central na jogabilidade. No entanto, durante as batalhas, nota-se falta de ambição em criar uma vasta lista de movimentos que alternem entre a arma principal e a corrente. Assim, o jogador vê-se limitado a pressionar repetidamente o mesmo botão ou a mantê-lo pressionado para um ataque mais poderoso. A corrente é utilizada à parte e tem algumas funcionalidades, mas não existe qualquer tipo de encadeamento com a outra arma. No fundo, o sistema de combate é modesto. O poder das armas pode ser melhorado com recurso a materiais e itens largados pelos monstros ou perdidos nas torres. Esta é a principal forma de personalização do jogo, permitindo criar equipamentos e melhorar a capacidade dos mesmos. O jogo falha, no entanto, em não disponibilizar um glossário, para que o jogador saiba quais os monstros que largam o item que procura. A raridade de certos items obriga a muitas viagens de ida e volta às torres, em busca daquele item precioso, na esperança de o encontrar. Podemos também comprar ou criar presentes para oferecer e aumentar o laço de afinidade com a jovem aspirante a cantora.
No ecrã está presente uma aura dourada na vertical que representa o nível de amizade partilhado pelos dois personagens. Por baixo um circulo roxo que representa a evolução do estado da maldição. Para que a jovem não se transforme, é preciso estar atento e dar-lhe carne de monstro antes que este chegue ao fim. Muitas vezes, vemo-la em estado de transformação, com parte do corpo deformado, numa das situações mais grotescas que alguma vez presenciámos na Wii. Este é mais um ponto que obriga o jogador a parar o avanço na torre e a voltar ao observatório para alimentar a protegida, acentuado a vertente repetitiva do jogo. Estar atento a esta necessidade e interagir regularmente com ofertas de prendas, ou simplesmente conversando um pouco, ajudam não só a aumentar os laços de amizade como também a saber mais do universo do jogo e do passado das personagens. Influenciado inclusive a conclusão da trama.
O facto da história se ir revelando aos poucos ajuda a manter o interesse do jogador em chegar ao fim. A cada novo avanço, ficamos a saber mais, seja a partir de visões do passado, conversas ou manuscritos perdidos, e as peças juntam-se. Este faseamento consegue dar maior destaque à história, o que lhe confere maior valor. Certos momentos, assim como locais do jogo, são adornados por músicas orquestradas, típicas dos RPGs japoneses, que os fãs do género não vão estranhar. A este esquema de progressão, se juntarmos os tesouros escondidos, finais alternativos e um modo "New Game+" que permite recomeçar a aventura com todas as estatísticas, armas e itens da primeira ronda, temos uma longevidade suficiente para garantir uma segunda viagem.
A história de Pandora's Tower narra o sofrimento de uma jovem amaldiçoada por uma estranha marca que aos poucos a transforma num monstro, e o desespero de um soldado que procura descobrir a forma de erradicar esta maldição. Com a orientação de uma velha mercadora, partem para a Scar, uma enorme fissura na terra que ameaça rasgar o mundo. No meio do fosso, sustentadas por enormes correntes que impedem a progressão da cicatriz, estão treze torres, protegidas por seres demoníacos que guardam a cura para a maldição. A única forma de travar o avanço da maldição é através da ingestão de carne das criaturas que vagueiam nas torres, mas para eliminar de vez essa maleita é necessário comer o coração de cada um dos guardiões das torres, algo que estes não estão dispostos a dar de mão beijada, cabendo assim ao jogador arrancá-los à força.

Uma cena a que vão assistir muitas vezes.
Esta busca pela cura é mote suficiente para colocar o jogador a viajar por todas as torres e desbravar caminho por entre hordas de inimigos. Cada uma das torres tem uma temática própria que se vai reflectir no seu guardião. Torrent Peak mostra uma enorme espiral de água no centro e o seu guardião é inspirado num animal marinho, Crimson Keep destaca-se pelas fornalhas e pela lava a escorrer do tecto, num ambiente infernal que culmina num encontro com uma enorme criatura nascida do fogo. Estes são apenas dois exemplos das torres que contam com as mais variadas temáticas, umas mais óbvias que outras, mas todas elas desenhadas de forma exemplar. O próprio grafismo revela algum cuidado, principalmente na concepção das personagens principais, do mestres das torres e das respectivas arenas, mas nunca chega a impressionar e com certos elementos e objectivos a repetirem-se ao longo de todas as torres, gera uma ligeira sensação de monotonia.
Antes do encontro com o guardião, é preciso quebrar as correntes que o mantêm aprisionado. Dependendo do número de correntes, existem salas espalhadas pela torre que estão ligadas as estas e constituem a chave para abrir caminho até ao objectivo final, tendo o jogador que as destruir. Pelo meio, encontramos muitos inimigos e puzzles que teremos de solucionar para descobrir o melhor percurso. Não são propriamente desafios complicados, mas o excelente desenho dos mapas permite uma fluidez que mantém o jogador colado ao ecrã até entrar pela porta final e esventrar o coração do mestre da torre.

Excelente concepção dos níveis.
Executar a tarefa com as suas próprias mãos seria algo complicado para o herói. Para facilitar, está disponível um arsenal simpático, que conta com espada, facas, foice e uma corrente mágica como auxiliar. As armas comuns são o suficiente para lidar com os monstros normais, mas é a corrente que vai ditar a vitória contra os mestres das torres. É também esta que nos permite alcançar locais altos e activar determinados mecanismos, sendo uma peça central na jogabilidade. No entanto, durante as batalhas, nota-se falta de ambição em criar uma vasta lista de movimentos que alternem entre a arma principal e a corrente. Assim, o jogador vê-se limitado a pressionar repetidamente o mesmo botão ou a mantê-lo pressionado para um ataque mais poderoso. A corrente é utilizada à parte e tem algumas funcionalidades, mas não existe qualquer tipo de encadeamento com a outra arma. No fundo, o sistema de combate é modesto. O poder das armas pode ser melhorado com recurso a materiais e itens largados pelos monstros ou perdidos nas torres. Esta é a principal forma de personalização do jogo, permitindo criar equipamentos e melhorar a capacidade dos mesmos. O jogo falha, no entanto, em não disponibilizar um glossário, para que o jogador saiba quais os monstros que largam o item que procura. A raridade de certos items obriga a muitas viagens de ida e volta às torres, em busca daquele item precioso, na esperança de o encontrar. Podemos também comprar ou criar presentes para oferecer e aumentar o laço de afinidade com a jovem aspirante a cantora.

Os monstros são também uma fonte de recursos.
No ecrã está presente uma aura dourada na vertical que representa o nível de amizade partilhado pelos dois personagens. Por baixo um circulo roxo que representa a evolução do estado da maldição. Para que a jovem não se transforme, é preciso estar atento e dar-lhe carne de monstro antes que este chegue ao fim. Muitas vezes, vemo-la em estado de transformação, com parte do corpo deformado, numa das situações mais grotescas que alguma vez presenciámos na Wii. Este é mais um ponto que obriga o jogador a parar o avanço na torre e a voltar ao observatório para alimentar a protegida, acentuado a vertente repetitiva do jogo. Estar atento a esta necessidade e interagir regularmente com ofertas de prendas, ou simplesmente conversando um pouco, ajudam não só a aumentar os laços de amizade como também a saber mais do universo do jogo e do passado das personagens. Influenciado inclusive a conclusão da trama.
O facto da história se ir revelando aos poucos ajuda a manter o interesse do jogador em chegar ao fim. A cada novo avanço, ficamos a saber mais, seja a partir de visões do passado, conversas ou manuscritos perdidos, e as peças juntam-se. Este faseamento consegue dar maior destaque à história, o que lhe confere maior valor. Certos momentos, assim como locais do jogo, são adornados por músicas orquestradas, típicas dos RPGs japoneses, que os fãs do género não vão estranhar. A este esquema de progressão, se juntarmos os tesouros escondidos, finais alternativos e um modo "New Game+" que permite recomeçar a aventura com todas as estatísticas, armas e itens da primeira ronda, temos uma longevidade suficiente para garantir uma segunda viagem.
Conclusão
A estrutura clássica dá-lhe um cunho muito próprio, sem espaço para longas horas de sequências cinemáticas, "quick time events" ou outras tropelias. Apesar do sistema de combate algo básico e do esquema repetitivo de ida e volta, o excelente desenho dos níveis e o ritmo de progressão tornam a aventura cativante e mantêm o jogador preso do princípio ao fim. Agora que começam os preparativos para a WiiU, muitos consideram Pandora's Tower como a última grande produção para a consola da Nintendo. Em suma, uma excelente conclusão para esta trilogia e mais um título obrigatório para os possuidores da Wii.
O melhor
- Progressão cativante da história
- Excelente desenho dos níveis
O pior
- Sistema de combate pouco ambicioso
- Esquema ligeiramente repetitivo