
ANÁLISE
Call of Duty: Modern Warfare 3
Por João Tavares a
O primeiro elemento surpresa do jogo está essencialmente nos cenários de acção. Desta vez Makarov não está para brincadeiras e lança um caos de guerra aberta entre as principais nações mundiais, com o jogador a encarnar soldados com objectivos distintos, mas a combater pela mesma paz que todos procuram. Com naturalidade, aqueles que perderam Modern Warfare 2 terão alguma dificuldade em apanhar o desenvolvimento inicial do enredo. A Treyarch não se deu ao trabalho de incluir um resumo da história, pelo que terão de se contentar com um salto brusco no desenrolar da história de Price e Soap, ambos presentes.

A guerra chega às principais localizações mundiais.
Embora os momentos memoráveis da campanha surjam a bom ritmo, a totalidade de tempo de jogo volta a fixar-se nas escassas seis horas. Além dessa longevidade curta, os fãs que têm vindo a acompanhar Call of Duty nas suas entregas anuais vão sentir um ligeiro déjà vu durante muitas das fases de acção, especialmente na táctica de abordagem ao amigo. Modern Warfare 3 tem muita coisa bonita para o olho, mas como jogo deixa algo a desejar em relação aos seus antecessores. Não obstante estes problemas, existe ainda uma gritante falta de carisma das personagens que surgem pela primeira vez neste peso pesado da Activision. Nem mesmo Soap e Price conseguem abafar a carência de originalidade nos demais. Um claro sinal de que talvez a série precise de abrandar.
Tudo o resto que popularizou Call of Duty está presente. A imersão dos confrontos é muito boa, a IA comporta-se lindamente e o aproveitamento do Wii Remote é exímio. São muitas as opções de alteração para que possamos adaptar a sensibilidade dos nossos movimentos às acções do jogo. Aqueles que não se conseguem habituar ao IV do comando têm à disposição uma opção mais tradicional que faz uso do Classic Controller. Não esquecendo os mais rebuscados, a Treyarch incluiu ainda o suporte ao Wii Zapper.
Infelizmente, Modern Warfare 3 não recebeu o modo multijogador do primeiro Modern Warfare, pelo que se querem companhia vão ter de saltar para os modos online. Com o seu expoente máximo em Black Ops, o Wi-Fi de Modern Warfare 3 limita-se a colher tudo de bom que já tinha sido criado, optimizando elementos extra como a escolha de tags por parte dos jogadores. Os principais modos de jogo marcam presença, como Domination, Team Deathmatch ou o recente Capture the Flag, acompanhado de novidades como Kill Confirmed, em que os jogadores coleccionam as tags que os adversários deixam cair quando mortos.

As novas personagens do enredo deixam muito a desejar.
O sistema geral de killstreaks foi mudado, existindo agora Poinstreaks que apenas deixa compensar os jogadores que matam muito, ajudando também aqueles que dão suporte na conclusão de objectivos. Ou seja, uma pessoa pode plantar uma bomba ou capturar um local e receber um ponto que lhe poderá abrir recompensas, como o já conhecido apoio aéreo e o radar de localização inimiga, entre outros brinquedos novos, como o fato de protecção que garante uma defesa esmagadora às balas adversárias. Apesar de este sistema parecer justo, acaba por ser uma maneira de os melhores jogadores dominarem as partidas por completo, juntando à sua perícia de tiro a possibilidade de acumular Poinstreaks com relativa facilidade. Assim, não passa muito tempo até termos aviões a bombardear o mapa e a deixar uma carpete de gente irritada com a sua impotência perante o inimigo. De referir ainda que estas recompensas estão agora divididas em segmentos: Assalto, Suporte e Especialista, com o jogador a poder escolher a que mais se adaptar ao seu estilo. As de assalto são focadas em reforços com alto poder de fogo (como os helicópteros), as de suporte dão munições ou turrets defensivas e a especialista foca-se na atribuição de perks.
Além desta reformulação, houve outros pequenos ajustes, como a retirada do salto à peixe e a nova possibilidade de termos dois tipos de miras numa mesma arma. É então possível juntar um RDS e um ACOG na mesma metralhadora. A comunicação por voz mantém-se, e temos pela primeira vez na Wii o modo Spec Ops, em que vários jogadores se poderão juntar para trabalhar de forma cooperativa na matança das vagas inimigas que vão surgindo no mapa. Modern Warfare 3 consegue ainda ser adaptado via patches, o que garante a correcção permanente de bugs de jogo ou de problemas de conexão.

Graficamente ultrapassado, como sempre o foi na Wii.
Do ponto de vista técnico, este é o Call of Duty mais ambicioso de todos, mas ao mesmo tempo trazendo mais problemas à Wii do que vantagens. Este produto foi claramente desenhado a pensar em máquinas com outro tipo de potência, especialmente considerando o tamanho dos cenários e a quantidade de detalhes incluídos para a replicação de localizações muito conhecidas nas cidades mais populares do mundo, como é o caso de Nova Iorque, Londres e Paris. A Wii sempre foi uma consola “datada”, mas emModern Warfare 3 isso sente-se ainda mais, com a frame rate a descer em muitas situações e uma maior presença de loadings. De resto, já se sabe o que esperar da Treyarch. Boas texturas de armas, boa coordenação de movimentos faciais com falas e efeitos de fumo e fogo bem conseguidos.
Sonoramente temos faixas pesadas a entrarem em confrontos mais acesos e um trabalho de vozes acima da média, especialmente nas pequenas sequências de vídeo que antecedem os níveis.
Mesmo com a ambição desmedida da Activision e da Treyarch em tornar Modern Warfare algo cada vez maior, a modesta Wii continua a ter a sua oportunidade de receber um dos jogos mais importantes do ano. Mas este terceiro capítulo limita-se a trazer mais do mesmo. A campanha continua pequena e acusa algum desgaste, com a história a desenvolver-se natural e previsível e introduzindo personagens com défice de carisma. Em Call of Duty a maior fatia do bolo está no online, e neste campo Modern Warfare 3 volta a não desiludir, apresentando um sistema optimizado como pouco se vê na consola da Nintendo. No entanto, o pico do multijogador já aconteceu em Black Ops, por isso não esperem encontrar nada de muito diferente. Sem merecer o selo de excelência dos seus antecessores, consegue ser uma aposta segura e será certamente um dos últimos grandes jogos third party a serem lançados na Wii.
O melhor
- Excelentes controlos
- Modos Wi-Fi bastante completos e viciantes
O pior
- Modo campanha curto e com enredo desgastado
- Poucas novidades introduzidas