
ANÁLISE
Armillo
Rebolar de planeta em planeta.
Por Tiago Marafona a
A possibilidade de corrigir problemas através de actualizações foi recebida como um verdadeiro amparo para muitas produtoras de jogos. Porém, esta possibilidade nem sempre foi utilizada com responsabilidade e muitos consumidores já questionaram se estavam efectivamente a comprar um produto final. Apesar destas correcções serem sempre bem-vindas e, de certa forma, oferecerem algum conforto a qualquer consumidor, a má imagem causada por estas lacunas nunca devia ser ignorada, especialmente quando aquelas provêm de pequenos estúdios que ambicionam um dia tornar-se referências dentro da indústria.
Pelas mãos da Fuzzy Wuzzy Games chega Armillo, um jogo que consegue reunir géneros como plataformas, acção e mesmo puzzle, numa só proposta. À primeira vista, é possível verificar influências de Super Mario Galaxy e de outros projectos em três dimensões, situados em ambientes intergalácticos e até mesmo em termos mecânicos. Contudo e, de forma clara, trata-se de uma proposta bastante inferior em todos os aspectos.
Armillo mostra-se através de mundos esféricos, em três dimensões, onde é oferecida ao jogador a sensação de estar em órbita constante. Percorrendo caminhos soltos, sem qualquer limite e muitas vezes a alta velocidade, o objectivo passa por conduzir Armillo a alcançar a pontuação o mais elevada possível apanhando esferas ao longo dos níveis e destruindo as forças malignas denominadas de Darkbots. Estes inimigos capturaram os amigos de Armillo e estão a causar o caos em todos os planetas, pelo que é dever do jogador eliminá-los. Pela frente estão cinco sistemas, cada um deles composto por quatro níveis. Pode até parecer um número reduzido, mas o principal desafio passa por alcançar o máximo de pontuação em cada um deles e não se trata de algo fácil de conseguir à primeira tentativa. Para ajudar ao desafio, ao terminar cada nível é atribuída uma classificação através de medalhas, sendo a medalha de ouro a mais desejada de alcançar. Existem também níveis secretos para concluir, apresentados numa perspectiva em 2D. Aqui o objectivo é encontrar um ponto luminoso sob supervisão de um relógio que está em contagem decrescente e que exige ao jogador o máximo de perícia para terminar com sucesso. Nestes níveis, a habilidade do jogador é posta à prova mais do que nos níveis tradicionais.
Dentro de cada nível, para além das valiosas esferas e dos vários inimigos à espreita, surgem por vezes desafios que funcionam como quebra-cabeças de rápido raciocínio para alcançar chaves ou para abrir passagens. Vários power-ups também aparecem com um tempo limitado de utilização, mas nem sempre surgem com o propósito de serem utilizados, onde por vezes se sente que a implementação foi algo forçada. No último nível de cada sistema tem lugar um combate com um boss, mas sem batalhas dignas de serem memória. Apesar de serem claramente mais exigentes e intensas, as batalhas são curtas e não provocam grande entusiasmo. Mecanicamente, Armillo é bastante ambicioso e talvez por isso sofra com problemas graves que saltam à vista de forma bastante negativa. Constantes quebras de frame-rate estão presentes em praticamente todos os níveis, e embora nem sempre sejam constantes, quando aparecem levam a que a imagem se arraste ou bloqueie literalmente por alguns segundos. Custa a crer como problemas destes podem estar presentes, e embora não prejudiquem de forma grave a jogabilidade nunca deveriam constar numa versão final de um jogo. Ainda assim, graficamente encontra-se bem enquadrado com a proposta que é oferecida. Os cenários estão bem construídos com modelos bem desenhados e criativos, e quando não demonstra problemas de desenvolvimento, tudo flui de forma exemplar. A nível de som, já não se pode dizer o mesmo. O ambiente sonoro deixa bastante a desejar, composto por melodias sem carisma e demasiado genéricas que rapidamente se tornam repetitivas.
Conclusão
Sem opção para multijogador e com ausência do modo online, Armillo podia oferecer pelo menos algo para comparar em rede com outros jogadores, visto que inclui a possibilidade de verificar as estatísticas do jogador a solo. Armillo apresenta textos em português do Brasil e conta ainda com a opção Off-TV Play. Apesar de Armillo se apresentar como uma figura bonita dentro do universo indie, na sua real essência acaba por ser um no meio de tantos outros. Não se destaca em nenhuma componente, apesar de graficamente estar bem exposto e até poder ser uma proposta divertida para quem apreciar plataformas e quebra-cabeças. Falta-lhe carisma e vários aspectos para se destacar de todos os outros do mesmo género. Apresenta ainda erros graves de desenvolvimento, estando presentes quebras de frame-rate que jamais deveriam estar presentes numa versão final.
O melhor
- Visualmente belo
- Controlos bem apurados
- Dificuldade equilibrada
O pior
- Quebras graves de fluidez
- Poucos conteúdos extra
- Ambiente sonoro demasiado genérico