
ANÁLISE
Cubemen 2
Estratégia em tempo real.
Por Manuel Morais a
Os títulos do estilo “tower defense” têm sido apelativos ao público e atingem facilmente algum sucesso. Mas sofrem de uma limitação: não funcionam bem com um comando tradicional, necessitando por exemplo de um ecrã táctil ou do rato de um computador. Talvez com isso em mente, a Nnoooo decidiu trazer Cubemen 2 para a Wii U, um título que já se encontrava anunciado há algum tempo para a consola e que já tinha sido lançado para PC e iPad.
O primeiro contacto com Cubemen, apesar de confuso, é bastante convidativo. Abrindo o menu principal, surge uma infinidade de opções e escolhas para fazer uma enorme quantidade de coisas. Excluindo para já funcionalidades online, existe um editor bastante completo que consegue criar qualquer nível do jogo, um tutorial para aprender a jogar, uma campanha com cerca de trinta níveis que ajuda a habituar ao funcionamento do jogo, uma série de níveis do criador, personalização de skins do jogo e opções cheias de afinações diferentes.
Já quando se inicia uma partida pela primeira vez, a perspectiva arrisca-se a mudar. Todo o jogo se passa no GamePad, com a televisão a espelhar exactamente a mesma imagem. O problema aqui é que sendo este um jogo de estratégia, é prático ter acesso a uma visão global do mapa em que se consiga compreender o que é que está disposto. Com a resolução reduzida do GamePad torna-se complicado compreender o que está no ecrã quando a câmara está muito afastada, e andar a olhar para a televisão não é prático porque praticamente tudo é feito com o ecrã táctil. Para ajudar neste tipo de problemas, a câmara também não é minimamente confortável, sendo controlada com o ecrã táctil, o analógico esquerdo e o d-pad (sim, todos eles), que são difíceis de mexer dado o peso de agarrar o GamePad só com uma mão. Pondo uma outra camada de complexidade em cima, jogadores esquerdinos ainda ficam mais atrapalhados porque não existe forma de atribuir os controlos ao lado direito do comando, apesar de esse lado ter exactamente o mesmo número de botões. Quando se chega a este ponto, compreende-se que o jogo simplesmente não é adequado para se jogar na Wii U.
O jogo em si funciona em um de sete modos à escolha, apesar de partilharem todos a mesma jogabilidade-base, com todos os mapas a poderem ser utilizados em todos os modos. Os mapas são construídos com cubos estilo Minecraft (havendo aliás uma skin de Minecraftincluída no jogo) e uma base. Nessa base pode-se criar um conjunto de diferentes unidades utilizando os tais cubos, que são a unidade monetária do jogo, e dar ordens a essas unidades movendo-as ao estilo de um jogo de estratégia típico. Estas unidades atacam automaticamente qualquer inimigo que esteja ao seu alcance. Cada unidade pode também ser evoluída individualmente num nível de 1 até 3, e no geral são bastante variadas, tendo todas mais ou menos uma utilidade específica, como serem usadas como snipers para ataques de longo alcance mas que atacam devagar, bloquear caminhos, etc.O modo mais básico e que é usado na campanha, com o nome de Defense, é um simples “tower defense” em que tem de se aguentar a base contra hordas de inimigos. Em Rescue, há um caminho a ligar duas bases que tem de ser percorrido por pessoas enquanto estas têm que ser protegidas dos inimigos. Em Skirmish cada jogador tem uma base e combatem-se uns contra os outros. Em Capture the Flag faz-se o típico jogo de roubar bandeiras às bases inimigas e trazê-las para a do jogador para pontuar. Em King of the Hill ganha o jogador que passar mais tempo com unidades num certo ponto do mapa. Em Territory as unidades pintam os blocos do mapa por onde passam e quem tiver mais território coberto ao fim de um determinado tempo ganha. Para finalizar, existe o modo Defector onde não se pode comprar unidades novas e apenas se usa um número limitado que é dado no início, cada vez que se mata uma unidade ela muda de equipa. Quem tiver mais unidades ao fim de um determinado tempo (ou simplesmente conseguir apanhar todas) ganha.
Um grande problema deste jogo é que apesar de ter muito conteúdo, rapidamente se torna repetitivo com apenas um jogador. Felizmente, Cubemen 2 tem ainda uma grande quantidade de opções online, que surpreendentemente funcionam de forma 100% transparente com os jogadores de outras versões do jogo. No entanto, mais surpreendente ainda, não foi possível testar o jogo contra outro adversário, sendo terrivelmente difícil encontrar outros jogadores online.
Outra funcionalidade é a partilha de níveis criados no editor, e esta sim encontra-se a funcionar em pleno, havendo já quase nove mil níveis criados (e mais a aparecer todos os dias) que se podem jogar, mas mais uma vez, com poucas ou nenhumas pessoas para jogar online. Para finalizar, a banda sonora que tem apenas meia-dúzia de músicas, sendo usadas dependendo do modo de jogo. Isto significa, por exemplo, que na campanha Defense pode-se jogar vinte níveis seguidos a ouvir a mesma música num loop infinito, não sendo propriamente agradável para a sanidade mental do jogador.
Conclusão
Apesar de quantidades enormes de conteúdo e um esforço legítimo da equipa de desenvolvimento, Cubemen 2 na Wii U tem diversos problemas de jogabilidade e para ajudar, o modo online completamente vazio será um problema transversal a todas as versões. A versão Steam parece uma melhor opção.
O melhor
- Editor de níveis e partilha na internet
- Enormes quantidades de conteúdo
- Modo online cross platform...
O pior
- ...onde literalmente não há um único jogador
- Farta rapidamente a um jogador
- Banda sonora repetitiva
- Controlos pouco confortáveis e inadequados a esquerdinos