
ANÁLISE
Jett Tailfin
Algo cheira mal e não é do peixe.
Por Henrique Pereira a
A Wii U parece ter uma inclinação para receber jogos de corridas com um aspecto apelativo a toda a família e com o advento de Mario Kart 8, não admira que outras produtoras estejam a tentar a sua sorte. Uma dessas apostas é Jett Tailfin, uma conversão de um original para o formato móvel.
Jett Tailfin é um jogo ao estilo de Mario Kart, mas em vez de karts e pistas de corrida, controlam-se peixes em circuitos submarinos. O jogo tem um enredo contado através de sequências CG que lembra um pouco o Carros da Disney. Jett Tailfin é um peixe gabarolas que adora fazer corridas e cujo sonho é vencer em corrida o peixe mais rápido do oceano, Tom Tsunami. Ainda que seja ambicioso fazer estas sequências que contêm algum diálogo, não se percebe a perda de tempo com elas quando o resto do jogo precisava de muito mais trabalho.
Tal como em Mario Kart, disputa-se uma corrida de três voltas onde cada uma dura entre trinta segundos a um minuto e meio consoante o tamanho da pista. Existem os já habituais itens que permitem atrasar os adversários ou proteger o jogador, ainda que seja possível desviar-se de qualquer objecto hostil ao premir para esquerda ou direita no D-pad num evento de reacção rápida. Para além disto, encontram-se secções que aumentam a velocidade, assim como bolhas que permitem usar um turbo temporariamente em qualquer situação. Infelizmente, tudo o resto está longíssimo da sua inspiração. Começando pelos controlos, a atribuição de comandos não é a melhor, com o botão para acelerar no R, o que se torna pouco confortável passado algum tempo. Desviar-se dos objectos também não é prático, uma vez que obriga o jogador a retirar o dedo do manípulo que controla o peixe. Avançando para a mecânica, guiar o peixe é bastante estranho em termos de feedback para o jogador mas é possível controlá-lo de forma aceitável desde que se use o analógico, visto que os controlos por toque e movimento são maus. No caso dos controlos por movimento, estão sempre ligados, portanto cuidado com os movimentos bruscos. A colisão não é perfeita e tem tendência a fazer o jogador voltar à pista, o que é bom porque existe uma quantidade enorme de obstáculos devido à componente vertical de movimento. Talvez o aspecto mais surreal do jogo seja a inteligência artificial dos adversários. Durante as duas primeiras voltas estão sempre três adversários colados ao jogador, desde que se vá na dianteira da corrida, mas a partir da terceira volta começam a andar a passo de caracol, sendo fácil ganhar com mais de meia pista de avanço.
Pior que isto tudo é a interacção visual do jogo, onde a câmara é a principal culpada. Primeiro está centrada num local onde se vê em grande plano a animação da cauda do peixe, o que é muito frustrante. Uma câmara em primeira pessoa ajudaria, não fosse qualquer viragem ou mudança de altura fazê-la mover-se de uma forma pouco fluída. Já a framerate é errática e em inúmeras situações notam-se quebras bem visíveis, especialmente em pistas mais complexas onde o jogo quase que pára. Finalmente, o interface visual ocupa um espaço descomunal, com destaque para o mapa que chega em alguns casos até metade do ecrã.
Parece que todo o esforço do jogo foi canalizado para as já referidas sequências e criação de pistas, com um total de dezasseis diferentes. Mesmo assim, a diversidade é parca, não só por serem completamente desinspiradas de elementos e secções mas porque os temas são sempre aquáticos e centram-se unicamente entre ruínas submersas, barcos afundados, piratas ou ilhas. Outro aspecto que também foi privilegiado é a quantidade de peixes diferentes que se podem escolher, cada um com atributos diferentes, nome e descrição personalizada.Jett Tailfin tem as funcionalidades habituais de títulos deste género. Podem-se fazer corridas rápidas, avançar no modo campanha ou jogar com os amigos em multijogador até quatro pessoas. O jogo também guarda os melhores tempos para cada pista. Claro que isto de pouco vale se a jogabilidade é de fraca qualidade. A apresentação também não escapa às críticas. Para além dos já mencionados problemas de fluidez, o grafismo é fraco, lembrando títulos de baixo orçamento de há duas gerações. Poucas ou nenhumas sombras, baixa quantidade de polígonos, texturas de baixa resolução e arte pouco interessante é o que se encontra por aqui. A componente sonora segue o mesmo caminho, com melodias desinspiradas que apenas procuram estar de acordo com o tema da pista mas que nem se adequam a uma corrida. Os efeitos sonoros, especialmente os efeitos com voz, podem tornar-se irritantes pela constante repetição.
Conclusão
O mais chocante em Jett Tailfin não são todos os problemas em termos de controlos, desempenho, apresentação ou câmara, mas sim o facto do resto do jogo estar bastante completo em termos de conteúdo, sejam pistas, personagens utilizáveis ou até sequências CG e existirem estes problemas em aspectos fundamentais. Quer em formato físico ou digital, estas são águas a evitar.
O melhor
- Boa quantidade de conteúdo
O pior
- Câmara horrível
- Framerate terrível e inconstante
- Pistas fracas
- Controlos com problemas
- Apresentação pobre
- Inteligência artificial ridícula
14 de Dezembro, 2014, 14:26