
ANÁLISE
Disney Epic Mickey 2: O Regresso dos Heróis
Mickey regressa para uma nova aventura épica.
WII
Por Manuel Morais a

O Wasteland (mundo habitado pelas personagens esquecidas da Disney) encontra-se novamente ameaçado de destruição, e algumas personagens já conhecidas chamam o seu herói Mickey para os salvar mais uma vez. Um dos problemas que ocorre durante praticamente toda a curta história é a ausência de um vilão identificável. Em vez de termos um objectivo específico a alcançar na nossa aventura, andamos constantemente a perseguir alguém que julgamos ser o inimigo e quando damos por nós, cinco a sete horas depois do início, estamos a ver os créditos e a pensar que não houve qualquer melhoria em relação ao título anterior.
Pode parecer injusto estar constantemente a fazer comparações com o original mas acontece que a sequela introduz apenas uns pózinhos novos. A mecânica em que o jogo se baseia é a mesma, temos um pincel representado pelo cursor do Wiimote através do qual podemos lançar tinta, usada para construir um cenário ou transformar inimigos em seres amigáveis, ou diluente com o qual podemos destruir o cenário e derreter inimigos. A existência desta dualidade dá-nos por vezes a escolha de resolver uma situação com o auxílio de um dos líquidos à nossa escolha, criando algumas diferenças sobre o que se encontra acessível nessa zona, o que torna alguns dos objectos impossíveis de apanhar. Não existe no entanto qualquer tipo de evolução desta mecânica. Aquilo que nos é mostrado no início do jogo é o mesmo que temos no fim, e estar constantemente a atirar tinta para os inimigos é um sistema que facilmente nos deixa saturados.

A estrutura base do cenário é também semelhante ao que já conhecemos. O jogo está dividido em várias áreas abertas onde nos podemos movimentar livremente e onde se desenrola a maioria do jogo. Na transição entre cada área acedemos a um nível em 2D baseado numa cena de animação do Mickey. Apesar de terem sofrido alterações, cerca de metade das zonas abertas são recicladas do primeiro jogo, algo que também não ajuda a dar destaque à sequela.
A câmara que nos acompanha nestas situações continua horrível. Warren Specter pode ter mencionado que depois das queixas anteriores, o seu objectivo seria implementar uma câmara que o jogador nunca tivesse de ajustar ao longo da história. Este objectivo ambicioso não foi de todo cumprido, sendo a necessidade de alterar o nosso ângulo de visão uma constante.

Outra coisa interessante seria ter também um mapa que mostrasse a organização dos diferentes mapas, pois não é propriamente fácil chegar a algumas zonas indicando apenas o nome. Acaba por haver uma enorme falta de incentivo para explorar o conteúdo extra. Nas primeiras horas de jogo somos bombardeados com pedidos de ajuda que acabam por ficar um pouco perdidos, ao ponto de estarmos ao lado de um objectivo e nem sequer nos apercebermos disso.
A componente artística é provavelmente onde o jogo mais se destaca, cheio de pormenores feitos para agradar aos fãs do Rato Mickey e conhecedores das animações mais antigas da Disney. Contudo, ficamos sempre com a impressão que podíamos estar perante mais coisas novas, quando muitas das zonas são na realidade semelhantes ao que já foi visto anteriormente. A música é também bastante razoável, fazendo um bom trabalho a acompanhar o jogo, mas não indo muito mais longe que isso. Temos também o “voice acting” como novidade, com literalmente todas as falas do jogo a terem direito a um actor. Isto seria muito bom, não fosse a constante repetição das dicas que os nossos companheiros nos dão. É extremamente irritante tentar descobrir o que devemos fazer e ouvir a mesma dica a cada cinco segundos. Já no que toca à parte técnica os problemas são os mesmos, um mau “framerate” logo à partida, que é ainda mais acentuado em situações onde existem bastantes objectos no ecrã ou quando um segundo jogador se junta à festa.
Conclusão
Epic Mickey 2 acaba por ser uma desilusão. Por ser mais curto, continuar com todos os mesmos problemas do primeiro jogo, adicionar um companheiro sem inteligência artificial, reciclar cenários e praticamente não evoluir nas mecânicas, torna-se num título enfadonho para os jogadores do anterior. Já os fãs de Mickey que quiserem encontrar todos os pormenores aqui escondidos não sairão desiludidos, mas não esperem encontrar aquilo que foi prometido.
O melhor
- “Voice acting” em todas as personagens
- Bom grafismo
- Bastante conteúdo extra...
O pior
- … mas difícil de compreender onde o aproveitar
- História curta
- Mantém os problemas do jogo anterior
- Muitos cenários reciclados do primeiro jogo
- Câmara com vontade própria
2 de Dezembro, 2012, 20:56