
ANÁLISE
Inazuma Eleven
Por João Tavares a


A história que leva um grupo desconhecido de jovens jogadores a atingir o patamar de excelência da mítica equipa Inazuma Eleven.
Mark Evans é o guarda-redes e capitão da equipa escolar Raimon, composta por um grupo de jovens jogadores desmoralizados pela sua falta de sucesso no mundo do futebol. Relutantes em treinar para as partidas, a equipa rapidamente mergulha num estado moribundo em que todos preferem jogar videojogos, comer ou descansar. Evans é, no entanto, uma ovelha negra no grupo, abraçando o espírito do futebol como nenhuma outra pessoa da cidade, contagiando tudo em seu redor com a sua paixão pelo desporto. Após um súbito aviso do director da escola, que ameaça desmantelar a equipa caso percam o próximo jogo, o destino trata de pregar uma partida a Raimon, que entra num ciclo de vitórias e prestígio que a aproximam do estatuto da lendária equipa denominada de Inazuma Eleven.


O jogo exige um pequeno período de habituação, mas rapidamente estarão a tirar proveito de todas as tácticas e jogadores.
Entre os diálogos temos as partidas de futebol propriamente ditas. A jogabilidade de Inazuma Eleven está bastante focada em aspectos tradicionais de RPG, com a nossa equipa a receber pontos de experiência depois de cada desafio, o que permite aos jogadores evoluírem alguns dos seus parâmetros físicos, bem como aprender novas habilidades. Dentro de campo o movimento da equipa dá-se de forma automática, com a acção a parar sempre que somos interceptados por um adversário ou chutamos à baliza. Durante esta pausa podemos seleccionar o tipo de abordagem que pretendemos dar ao lance. Inicialmente, com a nossa equipa ainda pouco madura, estaremos mais limitados a movimentações básicas de ataque à bola que englobam rasteiras, bloqueios de corpo e fintas normais. Com a progressão na partida, a nossa equipa rapidamente ganha novos dotes para usar dentro das quatro linhas e em qualquer situação, seja ela de defesa, remate ou de intercepção. Sempre que activamos uma dessas habilidades tem início uma sequência animada com o nosso jogador a realizar a proeza em questão, naquele que é um dos aspectos mais surpreendentes do jogo, tal a espectacularidade de alguns lances. E estejam descansados, variedade é coisa que não falta!
Todo o controlo da equipa é realizado com a ajuda da stylus, e conforme nos familiarizamos com a mecânica de Inazuma Eleven reparamos que existe uma profundidade bem mais acentuada do que aquela a que inicialmente somos levados a crer. A nossa preocupação em delinear movimentos de desmarque para os jogadores será outra e torna-se possível parar a acção dentro de campo quando bem entendermos para preparar uma jogada ou pensar no tipo de abordagem de um lance. Existem ainda quatro diferentes tipos de elementos em jogo: fogo, ar, terra, madeira. Estes elementos acrescentam ainda mais estratégia aos desafios, como no exemplo prático de um atacante de terra ter que se preocupar em não defrontar um defesa de fogo, pois estará em desvantagem e com menos chance de ganhar o duelo.
Outros aspectos a ter em atenção são as barras de FP e TP dos jogadores. A primeira controla a condição física de cada um, enquanto a segunda é a energia reservada às habilidades especiais. Como não podia deixar de ser, existem variados itens que corrigem as debilidades físicas, no caso de existirem, bem como equipamentos que evoluem certos aspectos da equipa.


Existem muitas habilidades diferentes, sendo cada uma mais espectacular que a outra.
Espalhados pela cidade estão diversos locais de treino específico onde podemos evoluir algum parâmetro em particular dos jogadores, seja ele o remate, o controlo, o físico, a velocidade, entre outros. A personalização da equipa acaba por ser o maior e melhor aspecto de Inazuma Eleven. A variedade é tanta que será impossível encontrar um amigo com um onze inicial igual ao nosso. Podemos procurar e recrutar novos jogadores, existindo mais de 1000 diferentes para esse efeito. É com naturalidade que nos deixamos absorver por esta tarefa de criar aquela equipa demolidora e perfeita, algo que deverá levar o seu tempo, mas que não se arrasta devido à diversão que Inazuma Eleven proporciona.
Enquanto exploramos a cidade seremos abordados por outras equipas em confrontos aleatórios de 4v4, que envolvem diferentes tipos de objectivos. Se os desafios de 11v11 têm uma duração mais prolongada, já estas pequenas disputas duram pouca mais de um par de minutos e terminam assim que cumprirmos tarefas que englobam marcar o primeiro golo, tirar a bola à outra equipa ou não deixar os adversário roubar a posse de bola.
Terminada a nossa travessia pela campanha principal, com uma duração de cerca de 15 horas, Inazuma Eleven ainda está longe de ter todo o seu sumo espremido. Abrem-se então novos desafios em podemos defrontar novamente as equipas que derrotamos, bem como outras formações especiais dentro de objectivos restritos que impõem algumas limitações à nossa esquadra, como a necessidade de apresentarmos 11 jogadores com o elemento do vento em campo. Enquanto continuamos nestes embates, a equipa fica cada vez mais perto da forma desejada e seremos obrigados a recrutar novos talentos. É uma boa forma de irmos acompanhando a construção da nossa equipa ideal, para mais tarde podermos defrontar amigos dando uso às funcionalidades de LAN da Nintendo DS. Infelizmente, estas partidas estão limitadas ao espaço local, não havendo qualquer modo Wi-Fi que nos permita competir contra outros jogadores que estejam mais distantes de nós, o que é uma pena.


O grafismo das sequências de vídeo está num patamar elevado.
Mas a nossa vontade de jogar Inazuma Eleven não parte apenas das sua jogabilidade profunda e viciante. Os visuais ajudam a gerar um carisma muito elevado neste título da Level-5, que apresenta personagens muito bem caracterizadas e com vários traços faciais engraçados. As texturas 2D dos jogadores combinam perfeitamente com os ambientes 3D da cidade, e o cel-shade invade as animações para dar aquele toque extra ao espectáculo que se espera de uma partida de futebol, em que jogadores afastam balizas com os seus punhos, atingem alturas vertiginosas e rematam com tamanha força que a bola incinera. Esporadicamente vamos assistir a sequências de anime de alguns dos acontecimentos mais importantes da história.
O que não nos agradou tanto foi a dobragem que o jogo sofreu na sua localização europeia. Era inevitável, mas o sotaque britânico em personagens como Mark Evans não deixam de ser sentidas como estando fora do sítio. Felizmente as músicas desempenham melhor o seu papel, envolvendo o jogo no turbante musical que se podia esperar numa temática deste tipo, com faixas animadas e vivas que combinam na perfeição com os visuais coloridos.
Conclusão
Sendo o futebol um desporto massivo aqui na Europa, é difícil tentar perceber porque é que tivemos de esperar tanto tempo pela chegada de Inazuma Eleven. Mas mais vale tarde que nunca, e num ano que se prepara para ser consumido pela 3DS, a velhinha portátil mostra ainda estar em forma e capaz de providenciar excelentes propostas. Este título da Level-5 vai ocupar largas horas do vosso tempo com uma mecânica viciante, profunda mas acessível, e uma vertente de coleccionismo que fará valer cada cêntimo que gastarem nele. É golo!
O melhor
- Animações das habilidades fantásticas
- Grande quantidade de jogadores para recrutar
- Longevidade muito elevada
- Mecânica de jogo profunda, mas de fácil aprendizagem
O pior
- Vozes fracas na dobragem britânica
- Inexistência de um modo online