
ANÁLISE
Kingdom Hearts Re:coded
Por Nuno Nêveda a
Kingdom Hearts Re:coded engloba algumas melhorias de controlo e mecânica de jogo para se aproximar dos padrões do conhecido franchise. Mas, como seria de prever, ainda não dá o salto narrativo tão pedido pelos fãs, preferindo relatar os acontecimentos posteriores a Kingdom Hearts 2. Assim sendo, Jiminy Cricket tenta resolver o enigma deixado pelas páginas em branco dos livros que traduzem a jornada do primeiro Kingdom Hearts. O Rei Mickey ordena que seja construída um aparelho para analisar essas páginas, e é aqui que surge Sora. Na verdade não é Sora, mas uma versão digital do mesmo e que se encontra dentro do livro. Na tentativa de resolver o sucedido, Sora descobre que existem uma série de cubos misteriosos e de “bugs” para serem corrigidos, o que acaba por dar à demanda principal o seu motivo. Contudo, o enredo demora a arrancar, podendo ser confuso para iniciados em Kingdom Hearts, e raramente pautado por momentos memoráveis.
Os mais experientes vão revisitar inúmeros cenários e por vezes achar que estão num remake da obra original, pois Re:coded traz de volta alguns mundos Disney como Agrabah, Olympus Coliseum, Traverse Town, Hollow Bastion e Destiny Islands, só para citar alguns. Felizmente, o jogo tenta combater a exagerada familiaridade com conteúdo novo em cada área. Cada cenário tem alguns blocos corrompidos e temos de os destruir de forma a obter certos itens.


O esquema de combate não foge muito do já visto em Kingdom Hearts 358/2 Days.
Pelo motor de Re:coded ser o mesmo de Kingdom Hearts 358/2 Days, o sistema de combate não foge muito ao que já vimos antes. Existe um sistema de painel de comandos situado no ecrã superior para utilização de ataques, feitiços, itens, entre outras funções. Além dos combates, que funcionam relativamente bem, há bastantes secções de plataformas, muitas vezes problemáticas devido ao péssimo controlo de câmara. Embora seja possível configurar algumas funções da câmara automática, revelam-se insuficientes para a exigência do jogo com ajuste muitas vezes manual. Ora, isto raramente resulta num título desenhado para ser jogado com D-Pad e botões, não existindo uma forma intuitiva de proceder a uma rotação de 360º da câmara. O L está ocupado para seleccionar os movimentos especiais, assim temos de pressionar R e usar o d-pad para colocar a câmara na posição mais cómoda para as diferentes situações. A stylus permite controlar isto de forma livre mas pouco intuitiva, já que as mãos estão ocupadas, lá está, com a cruz direccional e botões. Nos combates a existência de lock-on minimiza esses problemas.


O grafismo das sequeências de vídeo está num patamar elevado.
A longevidade é razoável para um RPG portátil, levando duas dezenas de horas até ao desenlace da aventura. Contudo existem diversos incentivos para repetir alguns cenários. É possível tentar obter recompensas ou pontuações mais altas nos níveis com "bugs" ou a possibilidade de revisitar mundos completados para encontrar itens em falta. Estas estatísticas estão representadas no Debug Reports, uma secção que permite rastrear os nossos dados de jogo, rever elementos da história, informações sobre personagens ou ainda desbloquear alguns troféus. Além deste, Re: coded apresenta o modo Avatar para coleccionar artigos de vestuário, bem como recursos para vestir o nosso avatar, e dentro deste modo uma opção para partilhar conteúdos com amigos que tenham o jogo.
Para finalizar, algumas boas notícias relativas à apresentação global do jogo, que nos deixou bem impressionados. O grafismo não foge dos padrões impostos pela série, por isso contem com uma componente de qualidade, personagens e cenários bem trabalhados e sequências de vídeo num patamar também elevado, à semelhança do campo sonoro, que certamente agradará a fãs, ainda que sem novidades.
Apesar de alguns pontos fortes, Kingdom Hearts Re:coded sofre pela concorrência fortíssima na Nintendo DS. O sistema Matrix é uma adição interessante e os combates são relativamente divertidos, contudo a câmara é um defeito que não se consegue menosprezar. O produto em si tem bons momentos, mas longe da qualidade alcançada pelos seus antecessores, e devem ter isso presente se estão a pensar em adquiri-lo. Para entreter até ao próximo passo da série, que será dado por Dream Drop Distance na 3DS.
O melhor
- Visuais de qualidade
- Jogabilidade contínua interessante
O pior
- …mas com péssimo controlo da câmara
- Desenvolvimento lento do enredo
- Muitos elementos reciclados de Kingdom Hearts II