
ANÁLISE
Fire Emblem Fates: Conquest
Lado Nohr.
Por Ruben Abreu a
Fire Emblem Fates é o décimo quarto título da série a chegar a uma consola Nintendo. Lançado originalmente em 2015 no Japão, o jogo chega agora à Europa com elevadas expectativas depois do enorme sucesso de Fire Emblem Awakening. Pela primeira vez na história de 26 anos da série Fire Emblem, o jogo terá três versões distintas, onde cada uma conta uma história diferente de acordo com o caminho escolhido pelo jogador. Esta análise vai focar-se em Fire Emblem Fates: Conquest, a parte que os jogadores obtêm quando escolhem no jogo (ou na loja) o lado do reino Nohr.
Conquest conta a história da personagem principal, conhecida por defeito como Corrin, um jovem (masculino ou feminino) que se vê envolvido numa guerra entre os reinos de Hoshido e Nohr. Após a escolha que dá origem à parte contada em Conquest, Corrin lutará por Nohr, um reino governado por um rei que toma decisões que muitos consideram moralmente incorretas, algo que vai contra a natureza de Corrin. É uma história com uma premissa interessante e que consegue fazer o necessário num jogo com estas características: motivar o jogador a concluir as missões para visualizar o seu desfecho.A jogabilidade é a clássica de Fire Emblem. Um RPG de estratégia por turnos onde as personagens combatem em terrenos divididos em quadrículas com uma vista que lembra um tabuleiro de xadrez. As estratégias das batalhas podem atingir níveis elevados de complexidade em Fire Emblem e é em Fire Emblem Fates: Conquest que essa realidade se torna evidente. Este é um dos Fire Emblem mais difíceis dos últimos anos, característica essa que de certo vai agradar aos veteranos da série. Aliás, este é um jogo que deve ter sido criado a pensar nesses mesmos jogadores. Para além da dificuldade elevada, Fire Emblem Fates: Conquest destaca-se pela diversidade de objectivos e desenho dos mapas nos capítulos da história principal. Apesar de à primeira vista e pelo seu aspecto, parecer um jogo semelhante a Awakening, Conquest é um jogo com várias novidades e alguns regressos. Agora as armas já não se destroem após serem usadas num número determinado de vezes, algo recuperado de Fire Emblem Gaiden da Famicom. Apesar desta aparente simplificação, é uma mudança que ao final de pouco tempo se torna bem-vinda. Corrin consegue ainda ir ao depósito de armas durante as batalhas, algo que ajuda em algumas missões quando ocorrem situações inesperadas que requerem um determinado item ou arma. De volta está também o modo casual, introduzido em Fire Emblem: New Mystery of the Emblem, Heroes of Light and Shadow (um exclusivo japonês da Nintendo DS), que marcou presença em Awakening e agora em Conquest. Uma novidade deste último é o modo conhecido como "Phoenix", que só deve interessar aos jogadores curiosos em ver o desenrolar da história já que neste modo as personagens do jogador caídas em combate regressam à vida no final de cada turno. Estas opções que irritaram alguns fãs quando anunciadas tornam-se introduções positivas na série, visto que permitem a todos os jogadores desfrutar de um jogo que poderá ter uma dificuldade inultrapassável para alguns. Ainda no campo das novidades está a inclusão da mecânica "Dragon Vein", com a qual Corrin cria efeitos diversos nos cenários como a construção de pontes de pedra ou a criação de lagos, uma mecânica muito bem-vinda que adiciona mais uma camada de estratégia à já excelente jogabilidade complexa de Fire Emblem.
Muita da dificuldade em Fire Emblem Fates: Conquest é criada pelas poucas oportunidades para fazer evoluir as personagens fora dos combates, ao contrário de Fire Emblem: Awakening que oferecia variadas opções para esse fim. Contudo, não é por esse motivo que não existem diversas actividades que se podem realizar fora dos combates, bem pelo contrário, Fire Emblem Fates é dos jogos da série onde esses momentos têm mais opções. Para além do reforço do nível de apoio entre os lutadores como no jogo anterior e das missões paralelas que permitem, entre outros, recrutar os filhos de personagens que se casam, em Conquest o jogador tem um castelo à sua disposição que pode personalizar livremente com a construção de lojas, prisões, arenas, entre outros. É uma opção interessante que acrescenta mais uma variável à componente multijogador ao permitir que os jogadores visitem livremente os castelos uns dos outros. Falando do multijogador, uma grande novidade é o multijogador online para batalhas entre dois adversários, que aumenta a longevidade de um jogo já de si longo e que facilmente atinge as trinta horas para completar numa primeira vez. Infelizmente não foi possível experimentar essa componente nesta fase.
Tecnicamente Fire Emblem Fates: Conquest é um jogo exemplar que só peca por ser demasiado parecido com Fire Emblem Awakening. Os campos de batalha, sobretudo com o efeito 3D ligado, são bonitos e os sprites dos combatentes, não sendo brilhantes, cumprem o esperado. Por outro lado, os modelos 3D das personagens e as sequências cinematográficas enchem o olho e são do melhor que se encontra na consola. A selecção musical volta a não desiludir, com melodias e canções que encaixam perfeitamente na acção do jogo. Infelizmente o uso de vozes apenas volta a estar presente em situações esporádicas e a ausência de vozes japonesas é notada por terem estado incluídas no título anterior da série.
Conclusão
Fire Emblem Fates: Conquest é um dos melhores jogos da série Fire Emblem nos seus mais de 25 anos de história. A Intelligent Systems oferece um jogo feito a pensar nos seus fãs de longa data ao criar um título com altos valores de produção, uma história interessante e envolvente e sobretudo, uma jogabilidade desafiante, divertida e diversificada.
O melhor
- Jogabilidade soberba
- Longevidade
- Banda sonora excelente
- História
O pior
- Graficamente idêntico a Fire Emblem Awakening
- Ausência de vozes japonesas
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela Nintendo.
4 de Maio, 2016, 08:29