
ANÁLISE
Muscle March
Por João Tavares a
Os japoneses são doidos, podemos nós dizer depois de umas partidas de Muscle March. Apesar de muitos dos clássicos nos chegarem do Oriente, também as ideias mais loucas e bizarras vêm da cabeça dos homens de olhos rasgados. Este jogo da Namco Bandai demonstra a capacidade que há no Japão para se fazer algo radicalmente diferente, atiçando a nossa curiosidade até num contexto de jogabilidade defeituosa, como é o caso.
Muscle March gira em torno de um grupo de musculados que vêem constantemente a sua creatina a ser roubada debaixo dos seus narizes. Num ataque de raiva, estes armários em forma de gente perseguem a toda a velocidade o nosso ladrão, que atravessa paredes em poses específicas. O papel do jogador é imitar essas poses recorrendo a posições com o Wii Remote e o Nunchuk. São ao todo quatro posições diferentes que implicam subirmos ou baixarmos os braços ao mesmo tempo, ou de forma alternada. De cada vez que passamos uma parede, o nosso “hipertrofista” ganha ímpeto e atinge grande velocidade, o que por um lado o aproxima do ladrão, mas por outro dificulta a nossa tarefa. Assim que alcançamos um certo pico, inicia-se a sequência final para agarrarmos o detentor da creatina, sendo apenas necessário abanar desenfreadamente os comandos. A Namco também quis trabalhar os nossos braços.

Apesar do conceito ser relativamente simples, os sensores de movimento dos comandos não oferecem tempo de resposta necessário para um jogo deste tipo, em que um milésimo de segundo faz a diferença entre passar pelo buraco da parede ou fazer um maior. Ao falharmos muitas posições, o jogo pára e teremos de recomeçar a corrida. O número de “continues” utilizados irá afectar a nossa pontuação final, o que terá pouca importância uma vez que não existem leaderboards Wi-Fi.
Tudo isto está dividido em dois modos diferentes, nomeadamente Muscle March e Endless Rush. O primeiro caso diz respeito à habitual campanha, em que escolhemos um dos três níveis disponíveis (City, Village ou Station), cada um com um par de ladrões de creatina diferentes e um final em comum. Depois de apanharmos os três, está ganho. Endless Rush, como o nome indica, tem apenas como objectivo ver quanto tempo aguentamos sem perder a atravessar paredes infindáveis, enquanto corremos em cima de um belo arco-íris. O Endless Rush tem também a particularidade de ser um modo para até quatro jogadores, mas infelizmente não concorrem todos ao mesmo tempo, com passagem da vez e do comando depois do interveniente anterior acabar a sua partida, o que de certa forma retira toda a piada.

A nível visual, Muscle March é tão básico quanto kitsch. As texturas nos níveis são simplistas e os habitantes das ruas estão desfocados até mais não, mas é todo o ambiente peculiar que faz este jogo ganhar pontos. Existe bastante variedade visual, com novos cenários a surgirem quanto atravessamos certas paredes, e as animações das sete personagens dão azo a grandes gargalhadas, principalmente se jogarem com alguém ao lado. Só não prometemos que essa pessoa vos olhe com os mesmo olhos depois de vos ver a imitar poses de musculados em tanga, ou de um urso polar norueguês, que também está entre as opções de escolha. Uma nota ainda para o facto de Muscle March não se apresentar em widescreen, tendo duas barras verticais dos lados da televisão. Estamos em 2011, Namco!
O conjunto de cinco músicas pop japonesas que compõem a banda sonora envolvem-se perfeitamente com a temática gráfica, ajudando a criar um ambiente ainda mais louco e surreal, com os temas a acelerarem conforme corremos mais depressa. Desempenha bem o seu trabalho, portanto.
Conclusão
Se há algo que Muscle March promete é uma sessão divertida e ridiculamente hilariante na companhia de amigos, mas numa análise crua ao que este título nos tem para oferecer, existe muito pouco por onde pegar. A jogabilidade torna-se rapidamente repetitiva e depressa irão desistir de lutar contra os controlos defeituosos, que vos darão alguns momentos de frustração devido à sua imprecisão e tempo de resposta tardio. Mas Muscle March não é para ser levado a sério, e se o que procuram é algo descomprometido que quebre a rotina, então esta proposta é digna do preço simbólico de 500 Nintendo Points.
O melhor
- Estilo único e macabro
- Descomprometido e hilariante
O pior
- Controlos pouco responsivos
- Curto e sem tabelas competitivas Wi-Fi
- Gráficos pouco detalhados, sem suporte widescreen