
ANÁLISE
Pokémon Go
Loucura em andamento.
Por Ruben Abreu a
Em Setembro de 2015 a Pokémon Company lançou um trailer de um jogo que seria lançado para sistemas Android e iOS. O trailer mostrava um jogo que usava a tecnologia da realidade aumentada para simular a captura de Pokémon no mundo real. Na altura o trailer foi extremamente bem recebido e criou muita expectativa para o título hoje conhecido como Pokémon GO.
Um dos momentos mais espectaculares do trailer foi a captura de Mewtwo por parte de centenas de pessoas em Times Square. Há um ano esse momento parecia claramente exagerado e difícil de replicar no mundo real. No momento da escrita desta análise, Pokémon GO já é um dos maiores fenómenos da história dos videojogos e momentos como os mostrados no trailer já não parecem tão irreais. Será Pokémon GO um jogo tão bom que justifique tamanho entusiasmo e popularidade?
A resposta é mais complicada do que à primeira vista possa parecer. Pokémon GO é um jogo criado pela Niantic, conhecida pelo jogo Ingress no qual Pokémon GO se foi inspirar. O objectivo, que não será estranho a muitos, é “apanhá-los todos”. Para isto os jogadores têm de utilizar o GPS e a câmara do telemóvel para apanhar as criaturas em locais do mundo real. Não é uma experiência nova mas ao juntar Pokémon ao uso desta tecnologia, o conceito torna-se mais interessante e único.A interface de Pokémon GO é simples e bem feita. No ecrã principal o jogador vê um mapa do local onde se encontra e os pontos de interesse que o rodeiam. No canto inferior direito encontram-se os Pokémon nas proximidades, no meio um botão que o leva para o menu principal e no canto inferior esquerdo as informações do jogador, como o nível e medalhas conquistadas. Quando o jogo é iniciado é este ecrã que o jogador vê e é a partir daí que se parte à procura das criaturas. Quando se encontra em frente a um Pokémon, o jogador tem duas opções: lançar de imediato uma Pokéball para o apanhar ou oferecer-lhe uma baga para facilitar o processo. Para além das capturas existe ainda um modo de combate, modo esse que peca pela sua extrema simplicidade e redundância. Pokémon GO tem pontos de interesse na forma das Pokéstops e dos ginásios. As Pokéstops consistem em locais, com alguma relevância no mundo real, que oferecem pokéballs e outros itens de cinco em cinco minutos quando os jogadores passam por eles. Já os ginásios são locais onde os jogadores podem colocar os seus Pokémon ou combater contra adversários que já tenham lá colocado os seus. Ao contrário dos jogos da 3DS que medem o poder dos Pokémon pelos níveis e diversos atributos, em Pokémon GO este é medido pelo Combat Power (CP). Quanto maior for o CP de um Pokémon, maior a probabilidade de este vencer a batalha. Os combates desenrolam-se em bonitas arenas 3D onde o jogador toca várias vezes no ecrã para o Pokémon atacar ou pressiona o ecrã com mais firmeza para um ataque mais poderoso, sempre com atenção às fraquezas e resistências dos tipos de Pokémon. O combate em Pokémon GO não chega, nem perto, do que se encontra na série principal e tirando a recompensa sob a forma de moedas, poucos motivos dá para os jogadores dedicarem muito tempo a esta vertente do jogo.
Só a partir do nível cinco é que os jogadores podem combater nos ginásios e é também nesse nível que os jogadores podem escolher uma de três equipas. Estas equipas pouco impacto têm no jogo, para além do domínio dos ginásios que ficam associados à equipa à qual o líder pertence. As equipas acabam por ser das poucas características sociais que o jogo possui. Combater contra amigos fora dos ginásios, proceder a trocas, ligar a conta a redes sociais, ter um sistema de amigos ou de chat, são todas opções inexistentes num jogo com forte potencial para as relações sociais. Já o Lure Module é um item bem pensado e que torna o jogo mais social. Um jogador ao colocar esse item numa Pokéstop atraí vários Pokémon selvagens a esse local, um efeito que é aplicado a todos os jogadores durante 30 minutos. O que inevitavelmente, devido à popularidade do jogo, atrai várias pessoas a esses pontos.Devido às Pokéstops serem generosas, o jogador vai ter pouca necessidade de investir dinheiro real na aplicação, o que é sem dúvida um ponto muito positivo de Pokémon GO. No entanto, esta virtude expõe um dos problemas do jogo, que reside na diferença enorme de pontos de interesse presentes nas grandes cidades em comparação com locais mais afastados dos centros urbanos. O jogo também apresenta outros problemas a nível da estabilidade da aplicação, que por diversas vezes paralisa, bem como problemas de servidores e a quantidade de bateria que gasta. Em termos técnicos, é um jogo bonito com modelos de Pokémon do melhor que já se viu. Nota negativa para a música que não se aproxima da qualidade oferecida pelos jogos da série principal.
Fãs de longa data de Pokémon vão sentir falta das mais de 500 criaturas ausentes do jogo, já que só inclui as que se estrearam há vinte anos em Pokémon Red & Green no Japão. Esta lacuna coloca em evidência o enorme espaço e potencial para melhorias que o jogo tem para continuar relevante.
Conclusão
Pokémon GO é um título difícil de avaliar. Por um lado, trata-se de um jogo com vários problemas técnicos, com um combate pouco divertido e com falta de opções e de criaturas. Por outro, é um jogo que apresenta um conceito interessante e que consegue entusiasmar os fãs de Pokémon de hoje e outrora a “apanhá-los todos”. Com muito espaço para melhorias, Pokémon GO é um jogo divertido e que merece ser experimentado por todos os fãs de Pikachu e companhia.
O melhor
- Conceito interessante
- Microtransacções passivas
- Bom aspecto visual
O pior
- Problemas técnicos
- Combate
- Poucos ginásios e Pokéstops fora dos grandes centros
- Onde está o Chikorita?
19 de Julho, 2016, 13:48
2/10