
ANÁLISE
SimAnimals
Vida selvagem.
Por Fábio Pereira a
Controlar a vida de seres humanos, é estranho, quando sabemos perfeitamente que vamos fazer aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia, seria quase como jogar uma novela. Facto que se revelou lucrativo para a EA quando decidiu criar The Sims o jogo de interacção social no qual podíamos criar uma casa, decorá-la ao nosso gosto e viver através dos nossos Sims.
Demorou até que a EA se lembra-se em fazer o mesmo com os animais e a sua vida selvagem, talvez devido ao tempo investido em espremer o sucesso da mesma licença que tantas raparigas introduziu aos videojogos, mas chegou agora a vez de SimAnimals se estrear na popular consola da Nintendo. Desde Nintendogs que as produtoras ficaram de olho naquela parte dos jogadores que diz “os animais são tão fofos”, e que os faz perder horas a fazer carícias e a dar banho aos bichinhos virtuais. A EA viu isso e avançou com um título que pretendia juntar esse gosto pelo cuidar de várias espécies de animais com a velha jogabilidade de Sims.
O vídeo introdutório de SimAnimals é bem ilustrativo de toda a sua mecânica, uma luva flutuante tenta interagir com os animais, eles fogem, a luva tenta alimenta-los, eles aproximam-se e passado uns instantes já querem festas e brincadeira, ou seja aquilo que um ser humano faria para atrair a atenção de um animal. E o jogo segue mesmo esse esquema, talvez até demais. O primeiro ponto a louvar mal iniciamos o jogo é a opção de escolher a língua portuguesa, parabéns à EA por colocar um jogo totalmente em português na Wii, afinal temos que avançar por algum lado e é bom que mais jogos sigam o exemplo.A partir daqui seguimos um tutorial simples e bem representativo do que devemos fazer no jogo, basicamente temos de conquistar a amizade dos animais assim que eles entram no terreno. Os controlos são feitos totalmente com o Wiimote, mas podemos juntar o Nunchuck se quisermos, e apontando para o ecrã controlamos uma pequena luva, podemos pegar em árvores, plantas, vegetais, agitar o Wiimote para abanar as plantas e arvores e interagir com o mundo em si. É logo aqui que começam alguns problemas de câmara, é simplesmente horrível, quer o façamos com o Wiimote ou com o Nunchuck é difícil colocar a câmara onde queremos parece que funciona seguindo uma esfera e não uma liberdade total, isto afecta a experiência de jogo e torna-se um pouco irritante pelo que temos de nos ir habituando aos poucos. E não melhora quando tentamos apanhar algum fruto que esteja a uma maior distancia e temos sempre que avançar para perto dele, mesmo que estejamos a ver o fruto em questão e com o cursor em cima. Isto torna-se uma luta constante entre ângulos de câmara, distâncias de objectos, e pouca precisão na escolha de menus, e se este jogo é dirigido aos mais novos pelo menos vão ficar a saber que paciência é uma virtude até se habituarem aos controlos.
Mas o que realmente queremos fazer é interagir com os animais. Começamos com o esquilo, ao início foge de nós e segue o instinto natural de se defender de alguém desconhecido, pelo que temos de conquistar a sua confiança. Para isso abanamos as árvores e pegamos em algumas bolotas, colocamos perto do esquilo e voilá ele começa a comer e reconhece que fomos nós que lhe demos, depois de mais algumas já come da nossa mão e por fim aceita festas, feito isto temos a sua total confiança e podemos pegar nele livremente e colocar no local que quisermos.
Conforme formos ganhando o respeito dos animais eles ficam sempre connosco e dá lugar a que novas espécies entrem em cena, corvos, ratos, coelhos, raposas, ursos, gatos, entre muitos outros e temos de os manter em harmonia para que a nossa barra de felicidade cresça e ganhemos assim acesso a novas áreas do jogo.Consoante os animais e a quantidade deles em cada área temos de plantar comida suficiente para todos e manter um equilíbrio entre as espécies para que não existam muitas presas, nem muitos predadores. Infelizmente os animais não fazem mais que comer, dormir, e acasalar, o que torna as coisas algo monótonas, pois além de ser fácil conquistar a atenção de um animal as missões são ainda mais simples o que se compreende dada a faixa etária que o jogo se presta a atingir. De vez em quando lá vemos um gato a tentar apanhar um rato e agarramos no gato para que não coma o pobre ratinho, estranhamente se dermos um rato a comer ao gato ele não fica a gostar mais de nós, mas se lhe dermos plantas para se purgar ai sim fica contente. Algo que consegue surpreender pela positiva é a pequena enciclopédia que fala de várias características de cada espécie, interessante para despertar a curiosidade nos mais pequenos para o ecossistema do reino animal.
Os gráficos do jogo são muito simplistas e pouco trabalhados, a EA não foi de encontro a modelos detalhados e aproximados da realidade, escolheu um look cartoonesco e deu-lhe vida, os modelos dos animais são divertidos e desempenham bem o seu papel, mas toda a paleta de cores e o “despido” dos cenários tornam o ambiente um pouco enfadonho. As animações em geral são fracas e já para não mencionar as ocasionais crises de framerate, e os pequenos bugsde animais presos dentro de árvore (acontece mais aos pobres dos pássaros). O som do jogo cumpre o seu papel com melodias simples ao estilo Sims e os típicos grunhidos e chilrear dos animais.
Conclusão
SimAnimals não tem de todo um mau conceito, mas existiu por aqui alguma confusão entre gerir um ecossistema, expandir um determinado terreno, cuidar de animais e meter tudo no mesmo saco. Ou seguiam um esquema menos complexo e o adaptavam para que qualquer criança pegasse nele de imediato ou construíam um jogo de gestão que exigisse mais estratégia e direccionado para um outro publico. Como título Sims o ambiente popular da série está lá, ou seja, uma boa ideia com um aproveitamento desperdiçado.
O melhor
- Fauna diversificada
- Vários animais e cenários para desbloquear
O pior
- Péssimos controlos
- Gráficos simplistas
- Problemas de fluidez