
ANÁLISE
Ambition of the Slimes
Criaturas gelatinosas.
Por João Dias a
RPGs de estratégia há muitos e na maior parte dos casos, colocam o jogador no papel de personagens moralmente correctas – isto para evitar dizer “os bons”, já que “os bons” também têm os seus pontos “maus”. Não é isso que acontece em Ambition of the Slimes, que chegou à eShop da 3DS pelas mãos da Circle Entertainment e que coloca o jogador do lado de umas criaturas gelatinosas, conhecidas como “Slimes”, e que têm um método muito particular de combater. Por si próprios, os Slimes estão relativamente desprotegidos face a humanos poderosos e bem armados mas as criaturas têm uma habilidade que lhes permite ultrapassar essa desvantagem: os Slimes podem invadir o corpo de um humano e usá-lo em combate, com todas as suas habilidades e vantagens.
Antes de cada nível, o jogador vai ter de formar uma equipa de Slimes com base nas criaturas que encontrou anteriormente. Existem Slimes de diferentes tipos, com capacidades de mobilidade, ataque e defesa diferentes, mas a base mantém-se: é fulcral invadir o corpo de um humano, de preferência um humano com boas capacidades, e recrutá-lo (à força, bem entendido) para o combate. Cada Slime pode apoderar-se de um humano em cada nível e a partir do momento em que isso acontece, esse humano ao serviço dos Slimes torna-se um alvo a abater para os seus antigos camaradas de armas.A ideia de invadir o corpo de inimigos e de os recrutar para o lado do jogador é interessante e seria muito mais divertida, não fosse Ambition of the Slimes extremamente repetitivo, com vários problemas que tornam a interacção complicada e por vezes tão frustrante que o jogo pode tornar-se completamente redundante. Não é por o ambiente visual ser num estilo baseado em Minecraft que isso faz de Ambition of the Slimes um jogo menos atraente – pelo contrário, seria muito difícil apresentar este jogo num estilo mais realista – nem pela sua banda sonora, em estilo chiptune que faz imediatamente pensar em jogos do final da década de 1980.
O grande problema em Ambition of the Slimes é que se trata de um jogo que não é agradável de se jogar. Os níveis são difíceis de navegar – a forma como a interacção está feita torna tudo mais difícil, menos prático e menos intuitivo e é relativamente fácil cometer um erro fatal apenas porque não se tinha uma perspectiva correcta do terreno ou porque a câmara não permite ver tudo o que se devia ver naquele local. Os adversários jogam de uma forma que deixa ao jogador uma margem de manobra minúscula e não raras vezes vai ser preciso recorrer ao suicídio dos Slimes ou pelo menos a seleccionar a opção para recomeçar o nível. Os Slimes que o jogador pode escolher mantêm-se durante muito tempo a um nível relativamente baixo e com hipóteses diminutas de vencer os adversários sem recorrer à sua invasão e recrutamento. Os números são muito desproporcionais, com alguns níveis a contarem com catorze ou mais humanos face a quatro ou cinco Slimes e convém ter em conta que alguns inimigos são quase impossíveis de invadir.
Conclusão
Ambition of the Slimes poderia ter sido bem mais divertido, mais dinâmico, mais envolvente e com menos falhas – tudo isso teria contribuído para fazer deste RPG por turnos uma experiência bastante melhor e menos frustrante. Infelizmente assim não é e o jogador vai passar muitos momentos longos e de enorme frustração só para poder vencer um inimigo para logo de seguida chegar a um nível que é ainda mais complicado e frustrante e sem a mais pequena concessão por parte do jogo para que o percurso seja um pouco mais simpático e mais amigo do jogador.
O melhor
- Ideia invulgar e com potencial
O pior
- Difícil de visualizar o terreno
- Personagens do jogador bastante limitadas
- Combates longos e frustrantes
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela CIRCLE Entertainment.