
ANÁLISE
Severed
Cortes superficiais.
Por Manuel Piçarra a
Sasha é a sobrevivente de um ataque horrível que também vitimou a sua família. A protagonista acorda sem o seu braço esquerdo e num mundo diferente, onde uma criatura lhe confere uma espada. Sasha parte então em busca da sua família, com o aviso de que se sobreviver, poderá voltar a casa.
Severed é um dungeon-crawler, centrado na temática de membros e desmembramento. O jogador segue a aventura de Sasha em três zonas que compõem um mundo bastante estranho. O movimento é feito num mapa de quadriculas, numa perspectiva de primeira pessoa. Durante a aventura, o jogador pode explorar as quatro paredes de cada divisão, em busca de peças de puzzles, frutas para recuperar pontos de vida, segredos ou vasos com partes de corpos.
É com estas partes que se podem fazer melhorias às habilidades de Sasha, melhorias essas que permitem infligir mais danos aos inimigos, aumentar a resistência a ataques ou a duração do modo focus, que serve para separar os monstros dos seus braços, asas ou olhos. Cada melhoria exige certas partes e em diferentes quantidades.A acção do jogo é centrada no combate, fazendo uso do ecrã táctil para executar golpes curtos ou longos. Assim que se entra numa área de combate, o jogador é cercado por um número de monstros. Existe uma lista de inimigos, cada um com o seu padrão de ataque e defesa, assim como partes que se possam usar. À medida que o jogador se vai aproximando dos objectivos, os inimigos vão alterando tanto a dificuldade como o aspecto e podem ainda obter os chamados "boosts". Esta inclusão de "boosts" nos inimigos é algo estranha, por vezes há uns com uma defesa superior ou outros que atacam com mais frequência. Tendo em conta a variedade de inimigos, esta mecânica acaba por ser indesejada e acusada de ser a principal responsável pelo abrupto desaparecimento de novos monstros. Os combates com os bosses proporcionam bons momentos no jogo e após as suas derrotas, é com partes dos seus corpos que se pode aceder a novas zonas e obter novas habilidades para usar em combate.
A narrativa tem potencial. Todo um leque de possibilidades de como se pode desenrolar esta trama abre-se nos primeiros minutos de jogo. Com a apresentação de novas personagens aumenta o desejo de continuar a aventura. Mas não há grande aprofundamento do universo em si, apenas de algumas das personagens e as principais questões que surgem em torno da situação de Sasha parecem ficar incompletas. O visual é interessante, criando um ambiente que pretende transmitir um mundo de perigo constante. Infelizmente o jogo não se esforça para mostrar isso, com os combates a iniciarem-se apenas depois de se tocar em chamas preto e brancas e com a falta de mais criaturas, plantas ou locais que constituam perigo real.Cada zona consegue destacar-se bastante bem na sua temática, mas devido aos puzzles que requerem que o jogador ande muitas vezes para trás e para a frente a abrir portas ou desbloquear divisões, o cenário acaba por se desfocar. O melhor são os monstros, cada um com o seu próprio visual grotesco ou monstruoso, que coincide com a mecânica de pontos fracos, diferente para cada inimigo. A música é ideal para o jogo, com um bom registo a transmitir os sentimentos que Sasha parece estar a viver.
A jogabilidade é simples e rápida, bem adequada para a 3DS e para breves sessões de jogo mas fica a impressão que a versão para a Wii U poderia beneficiar de uma incrementação de mecânicas próprias, ou seja, de um melhor uso do potencial da plataforma. A atracção para voltar a pegar no jogo uma vez terminado existe mas apenas sob a forma de completar uma lista de objectivos ou até de usar novas habilidades em zonas anteriores.
Conclusão
Severed é um jogo interessante e consegue criar um bom desafio durante toda a experiência. De jogabilidade simples e duração aceitável, é um jogo que vale a pena para os fãs do género. Infelizmente, a narrativa, embora interessante, não consegue atingir um patamar desejável perante o potencial que apresenta.
O melhor
- Jogabilidade fácil e rápida
- Visual criativo e atractivo
- Narrativa interessante...
O pior
- ...mas simples
- Uso de Boosts nos adversários como ferramenta de dificuldade
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Wii U, gentilmente cedido pela DrinkBox Studiosi.
10 de Outubro, 2016, 09:54