
ANÁLISE
Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle
Técnicas ninja.
Por João Dias a
Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle, é este o nome completo do jogo de puzzles com um tema nipónico da Arc System Works para a 3DS. Trata-se do seguimento do original, saído no ano passado igualmente para a portátil da Nintendo (e aliás, bastante semelhante) que dava pelo nome de Ninja Usagimaru: The Gem of Blessings.
Este título de nome obviamente japonês é então um jogo de puzzles que à primeira vista pode parecer que se está a tentar disfarçar de jogo de plataformas...até que rapidamente a realidade se instala e deixa no ar a frustração dos limites impostos aos movimentos do protagonista (de nome Usagimaru e que é um ninja, caso o título não seja suficientemente óbvio). Usagimaru é incumbido da missão de salvar os habitantes de uma aldeia que foram raptados e que se encontram amarrados em cada nível. Uma vez resgatados, os aldeões têm que ser levados até ao final do respectivo nível para que a etapa possa ser tida por concluída.A mecânica, teoricamente simples, vai revelar-se extremamente complicada e é aqui que este Ninja Usagimaru se começa a tornar numa experiência frustrante. Sendo este um jogo de puzzles e não de plataformas, é aceitável que os movimentos de Usagimaru sejam algo limitados – afinal, não se trata de avaliar a destreza do jogador na execução de saltos ou na rapidez a eliminar inimigos; o objectivo aqui é ultrapassar obstáculos de forma cerebral para permitir a libertação do aldeão raptado e garantir a sua saída em segurança. Infelizmente os movimentos permitidos ao protagonista não só são muito limitados, como ainda são executados de forma bastante falível. Num nível que embora pequeno, apresenta uma grande quantidade de armadilhas como um solo coberto de picos, cabeças que cospem fogo e inimigos que percorrem o local sem oposição, seria muito melhor que os comandos de Usagimaru respondessem de forma mais precisa. Afinal, quantas vezes é necessário tentar que o ninja faça um salto, que pegue no bloco de pedra que está à frente ou que largue esse mesmo bloco onde ele é necessário? Por vezes é preciso carregar vezes sem conta no respectivo botão até que Usagimaru execute o movimento que o jogador quer. Escusado será dizer, isto dá azo a muitos movimentos errados e a muitos recomeços de nível.
Até se pode aceitar, ainda que com uma grande latitude, que a especialidade de Usagimaru não seja o combate (quem diz que todos os ninjas têm de ser guerreiros exímios?) mas a verdade é que a sensação que o jogo deixa é que o protagonista é muito pouco desenvolto. Além dos problemas em movimentar o ninja, os níveis são extremamente consequentes, ao ponto de ser necessário recomeçá-los várias vezes por se cometer apenas um erro, como colocar um bloco no local errado, algo que como se viu, vai acontecer bastantes vezes. Se níveis com muito pouca margem para erros é algo que se espera nos momentos mais avançados (e há dezenas de níveis neste jogo), funciona como um enorme desmotivador nos níveis iniciais, ainda que o jogo permita colocar um moinho uma vez por nível ao qual se pode regressar, no que funciona como algo semelhante a um checkpoint. Ainda assim, o jogo continua a ser frustrante, sobretudo quando a solução era extremamente óbvia e é muito fácil de lhe passar ao lado – e a impressão deixada quando se termina um nível deixa um misto de satisfação (satisfação de não mais ver o nível à frente a menos que o jogador insista em obter os exigentes troféus do jogo) e de impaciência pelas tentativas e tempo gastos a tentar terminá-lo.
Isto acaba por funcionar contra este capítulo de Ninja Usagimaru – quando o jogador quer avançar para poder ver o jogo pelas costas, é sinal que a obra o está a deixar pouco interessado no jogo em si e mais em salvaguardar a sua própria auto-estima. O que é uma pena, já que este Usagimaru demonstra ter tido um belíssimo trabalho audiovisual. O estilo chibi pode não ser do agrado de todos mas a direcção artística bastante cuidada, a profusão de cores, a banda sonora e o enredo – mesmo que bastante simples – podiam perfeitamente levar a um jogo mais amigável e que, de preferência, tivesse controlos mais precisos.
Conclusão
Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle podia ser muito mais mas da forma como é apresentado, acaba por ser uma experiência que precisa de uma curva de dificuldade mais simpática e sobretudo, de controlos mais calibrados.
O melhor
- Excelente trabalho audiovisual
- Bastante conteúdo para os mais pacientes
O pior
- Controlos muito pouco precisos
- Níveis construídos de forma frustrante
- Curva de dificuldade demasiado elevada
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela Aksys Games.