
ANÁLISE
Double Dragon
Por João Tavares a
Há jogos que são intemporais e Double Dragon é uma experiência que, apesar de remontar à década de 80, ainda consegue divertir e entusiasmar. Existe uma certa magia nos jogos de luta, algo que nos impele a não largar a consola e que rasga aquele sorriso maléfico enquanto atiramos os mauzões para o asfalto. Double Dragon foi um dos primeiros passos do género, com todos os condimentos que ainda hoje o tornam num jogo muito apetecível.
Sem perder muito tempo, assim que metemos o jogo a rodar vemos a nossa donzela a ser espancada e raptada perante os nossos olhos. Mal sabiam os pobres coitados dos vândalos no que se estavam a meter... A partir desse instante não há paragem entre socos, pontapés e arremessos até termos novamente a nossa dama nos braços.

A variedade de movimentos é bastante boa, especialmente se tivermos em conta que o Game Boy apenas possuía os botões A e B, que são usados para murros e pontapés, respectivamente. A forma como sequenciámos estes dois movimentos vai dar azo a combos diferentes que permitem agarrar um inimigo, projectá-lo para um lado do ecrã ou saltar e espetar a verdadeira patada na boca. Não esperem uma profundidade do outro mundo, mas ficarão agradados com a animação de dor dos inimigos e a gratificante sensação de ver sofrimento a instalar-se nos seus corpos. Mas se murros e pontapés não são hardcore o suficiente para vocês, saibam que terão acesso a bastões, chicotes e até bombas para usar nos desgraçados que vos aparecerem à frente.
A acção desenvolve-se de maneira tradicional, com a personagem a movimentar-se numa grelha horizontal, existindo por vezes secções em que temos de subir escadas ou trepar paredes. Além desta variante, existem partes em que o cenário goza de profundidade e outras em que os movimentos estão limitados somente à esquerda ou direita. Por entre os combates corpo-a-corpo, temos ocasiões em que é necessário saltar de plataforma, num movimento que é pouco intuitivo e que nos garante a morte imediata. Estas são as áreas mais frustrantes de todo o jogo e acabam por baixar o ritmo aliciante das lutas que travámos.

Dentro do campo técnico, destaca-se a variedade de cenários, que vai rodando entre ruas desertas, armazéns ou outros tipos de ambientes abertos, como floresta. Tendo em conta a data de produção e o sistema em que está inserido Double Dragon, o resultado é bastante positivo e dá aquela vibe retro sem deixar um rasto muito datado. Já no caso dos inimigos, não há tanta diversidade, o mesmo funcionando para o tipo de bosses que encontramos no final dos níveis.
Cada etapa desta aventura vem ainda acompanhada da sua própria faixa musical, inserida numa banda sonora que prima pela sua qualidade (contando com o tema principal de Double Dragon) e variedade. Se a jogabilidade não for capaz de vos fazer sentir como um Steven Siegel, a banda sonora tratará do resto.
Em termos de longevidade, este jogo é bastante curto. Se tivermos em conta a capacidade da 3DS para gravar jogos a qualquer altura, facilmente se chega ao ecrã final em cerca de 40 minutos. Se, no entanto, quiserem ser homens de barba rija e seguirem do princípio ao fim sem usarem este "truque", então espera-vos um desafio rigoroso. De qualquer maneira, o grande trunfo de Double Dragon está no seu valor de repetição, com a mecânica de combate a incentivar o retorno contínuo ao modo de história. Dadas as capacidades de repousar a 3DS sem desligar o jogo,Double Dragon torna-se perfeito para aqueles escassos minutos livres que temos ao longo do dia em que queremos algo que nos entretenha de forma rápida e eficiente.
Conclusão
Double Dragon não é bem como o vinho, que fica melhor conforme envelhece, mas também não se pode dizer que esteja datado ao ponto de ser ignorado. Tendo em que conta que este é um género pouco explorado nas portáteis, e até nas consolas caseiras actuais, não há porque ter medo de pegar na pá e desenterrar um clássico destes para nos relembrar do quão simples eram alguns jogos do Game Boy. Embora seja incapaz de atingir um lugar no pódio do sistema, Double Dragon é um investimento seguro para aqueles que pretendam algo armazenado nas suas 3DS para pequenas sessões de jogo. Partam pernas!
O melhor
- Óptimo para pequenas sessões de jogo
- Controlos simples e divertidos
- Diversidade na banda sonora e cenários
O pior
- Secções de plataformas frustrantes
- Muito curto
- Pouca variedade de inimigos