
CRÓNICA
O futuro da Nintendo Switch
Que tipo de consola será?
Por Gustavo Pereira a
?Depois de uma primeira semana caótica no que diz respeito a novidades sobre a nova consola da Nintendo, esta última semana foi relativamente calma. Apesar de ainda estarem por revelar muitos pormenores sobre a Switch (sobretudo relativamente ao sistema operativo e às funcionalidades online) os principais jogos para o primeiro ano parecem estar todos anunciados. Tal como referi na crónica anterior, o sucesso da Switch vai depender em primeiro lugar da forma como esta vai conseguir (ou não) captar o mercado portátil no Japão e muito deste sucesso vai depender da aposta dos estúdios japoneses na consola.
Olhando para a geração anterior, o mercado portátil registou um decréscimo significativo nas vendas das duas portáteis, sendo que a 3DS e a Vita venderam cerca de 50% da DS e da PSP em conjunto. Parte desta redução justifica-se devido à forte entrada do mercado móvel no início desta geração (algo que afectou ainda mais o mercado portátil ocidental). Mesmo após esta redução, a 3DS conseguiu atingir as 21 milhões de unidades vendidas no Japão, um número bastante acima das vendas globais da Wii U. Isto mostra que conseguir manter as vendas neste mercado evita que a Switch seja um fracasso (mesmo que não seja um sucesso). Para isso, a Switch vai ter que se afirmar como o dispositivo móvel definitivo para os que querem jogos japoneses. Foi dado um passo importante nessa direcção, na medida em que a Atlus mostrou que as suas séries da 3DS (como Shin Megami Tensei) vão continuar na portátil da Nintendo e que está disposta a trazer séries antes exclusivas da PlayStation (como Disgaea). A Square-Enix foi mais modesta, tendo-se ficado por agora em manter os jogos da 3DS (sobretudo Dragon Quest) mas sem planos para trazer jogos domésticos para a consola (o remake de Final Fantasy VII seria um lançamento de peso). ?No entanto, ainda não é clara a posição das produtoras japonesas mais pequenas, sendo que muitas apostavam na Vita para lançar os seus jogos. Embora não sejam um grupo fundamental para a consola em termos de vendas, uma eventual aposta na Switch passaria a imagem de que a consola da Nintendo receberia quase todos os títulos nipónicos (sobretudo no que toca a Visual Novels, um género bastante popular que esteve relativamente ausente da 3DS). Apesar de a Sony não ter anunciado uma nova portátil (e é cada vez menos parece provável que o venha a fazer), a Nintendo tem de concorrer pelo interesse destes jogos com o mercado móvel, o PC (sobretudo com o Steam) e com a própria PS4. Devido a quer o mercado da PS4, quer o do PC serem relativamente pequenos (a PS4 ainda não atingiu as quatro milhões de unidades vendidas no Japão) e diferentes do mercado portátil, isto torna o mercado móvel no grande concorrente da Switch. A grande vantagem comparativa da Switch reside no valor dos jogos. O mercado móvel limita as produtoras a jogos pequenos e, acima de tudo, obriga-as a optar por modelos gratuitos ou a limitar bastante o preço de venda para atingir sucesso comercial. Diria que para já, a Switch encontra-se numa boa posição para conquistar o mercado japonês.
Por outro lado, se é verdade que a Switch parece estar bem encaminhada no mercado japonês, o mercado ocidental revela-se cada vez mais incerto. Depois de ter tido uma apresentação no mínimo morna, a semana seguinte não parece ter trazido grandes novidades. Uma das componentes mais importantes (o online) parece mostrar que, mais uma vez, a Nintendo dá dois passos atrás por cada passo em frente. Se o online pago é uma melhoria (ficou claro que o público ocidental não se importa de pagar por serviços online melhorados), a falta de funcionalidades pode vir a trazer uma nova Wii U por estes lados. A oferta mensal de jogos parece quase irrelevante e o voice-chat parece vir sob a pior forma possível. Há algumas notas positivas para a Switch, como o rumor de uma possível versão de L.A. Noire (a marcar o regresso da Rockstar às consolas da Nintendo) mas nada que consiga trazer um futuro muito luminoso. O maior trunfo da Nintendo para a Switch no ocidente será sem dúvida o lançamento de um jogo da série Pokémon. As vendas de um jogo da série principal no ocidente seriam suficientes para superar as vendas da Wii U durante toda a sua vida neste território. Um Mario Kart e um Super Smash Bros. poderiam dar um impulso significativo às vendas mas pode ser tarde demais para a Switch conseguir um lugar nos lançamentos das grandes produtoras ocidentais (onde se encontram as séries Call of Duty, FIFA, Red Dead Redemption, etc).Com tudo o que temos visto, parece que a Switch está mais perto de ser uma 3DS do que uma Wii U. O apoio herdado da 3DS já começa a ser visível mas continua a manifestar-se a falta de apoio vista com a Wii U e as características inferiores quando comparada com a XBox One e PS4. Se por um lado, nada indica uma nova Wii, por outro não parece que estejamos perante um novo fracasso como o da Wii U. Esta fusão dos dois segmentos poderá ser a solução de que a Nintendo precisava para se manter relevante no mercado das consolas. No entanto, a Nintendo revelou o seu plano B caso a Switch falhe. Ao manter um apoio mínimo para a 3DS durante o próximo ano, será de esperar que o segmento portátil se mantenha caso a Switch falhe. Caso tal venha a acontecer, a Switch pode tornar-se a última consola doméstica da Nintendo, deixando-a inteiramente dependente das suas portáteis.
O que pensam do futuro da nova consola? Será suficientemente apelativa para ambos os mercados? Deixem a vossa opinião nos comentários.?