
ANÁLISE
Just Dance 2
Por Pedro Meleiro a
A aposta em jogos de ritmo e dança é um fenómeno relativamente recente, se comparado com os géneros actualmente ainda de boa saúde, em parte por durante vários anos termos estado limitados aos botões do comando ou a uns acessórios obscuros, caros e poucos funcionais. As poucas propostas que surgiram no tempo das consolas 8 e 16 bits não foram muito bem recebidas, até no final da década de 90 o mundo assistir ao nascimento de um fenómeno que ainda hoje é reconhecido e apreciado: Dance Dance Revolution. Esta proposta da Konami, agora com alguma saturação associada por falta de novidades e constante lançamento de novos títulos, dá lugar a um novo fenómeno de popularidade onde se enquadra Just Dance, que procura uma experiência de dança mais natural e acessível recorrendo ao movimento do nosso corpo. Com uma recepção crítica pouco calorosa, mas ainda assim um grande sucesso de vendas, será a sequela capaz de juntar o útil ao agradável?

Em Just Dance 2 o procedimento é simples: seleccionar um tema que nos agrade e dançar tal qual o dançarino que aparece no ecrã, como se de um espelho se tratasse. Achámos algumas danças no mínimo bizarras e questionamo-nos se estaríamos a fazer figura de urso, mas com uns amigos à mistura ninguém se fica a rir sozinho. Isto para reforçar que Just Dance 2, à imagem do original, é um jogo que tem como público-alvo os já tão saturantemente denominados jogadores casuais, embora seja uma experiência que todos podem desfrutar.
Temos à disposição três modos de jogo: Just Dance, Dance Battle e Just Sweat. Just Dance pode ser traduzido pelo modo clássico, para até quatro jogadores e com opção para duetos, em que escolhemos um tema dos mais de 40 disponíveis e dançamos com o intuito de angariar pontos. Há também a possibilidade de fazer torneios para até oito jogadores e por equipas escolhendo o modo Dance Battle, e ainda o modo Just Sweat, que selecciona diariamente seis músicas para dançarmos com um contador de calorias associado. O mais certo é quererem jogar este título na companhia de amigos e familiares, pelo que este último modo não passará de mera curiosidade em jogadas a solo.

O conceito promete divertir qualquer tipo de jogador, pelo que as dúvidas recaem em grande parte no seu correcto funcionamento. Sendo a dança uma forma de expressão corporal é com naturalidade que neste título se assista aos mais diversos movimentos, o que leva à questão da fidelidade do sistema de avaliação da nossa performance, já que esta é baseada apenas no movimento e posicionamento da mão que segura o Wii Remote. Obviamente que jogando de uma forma instintiva vamos procurar movimentar todo o nosso corpo conforme nos é apresentado no ecrã, mas experimentando movimentar apenas o braço que segura o comando verificamos que o resultado é tão bom ou melhor do que quando somos (ou achamos ser!) o rei da pista, também conhecida por chão da sala. Isto para reforçar que, embora o jogo pudesse ser um pouco mais caro, a existência de modos alternativos para o suporte de dois Wiimotes (um em cada mão) e/ou o recurso a um outro acessório Wii já à disposição no mercado garantiria a Just Dance 2 maior variedade e resultados mais satisfatórios.
Ignorando as claras limitações do software e passando à lista de temas que compõem o jogo, estamos perante uma variedade de músicas que atravessam vários géneros e décadas e onde encontramos um pouco de tudo, desde o mais comercial na voz de Avril Lavigne, Pussycat Dolls ou Vampire Weekend, a alguns clássicos das pistas de dança, com Blondie, Elvis Presley ou Tina Turner a marcarem presença. Há de tudo um pouco e cuidadosamente escolhido, o que mais uma vez comprova que a Ubisoft andou à caça de todo o tipo de público.

A existência de conteúdo extra para download, embora com um custo associado, é uma boa adição que agradará aos mais dedicados. Por outro lado, a ausência de vários graus de dificuldade para cada tema ou a falta de modos de jogo mais variados para partidas em grupo deixa um pouco a desejar. Ainda assim, estabelecer novos recordes e superarmo-nos continua a ser uma fórmula de sucesso neste tipo de jogos.
Conclusão
Apesar de uma execução técnica e artística longe da ideal e de algumas dúvidas quanto ao reconhecimento dos movimentos, Just Dance 2 é, ainda assim, uma experiência suficientemente profunda para deixar várias famílias a dançar ao ritmo da música na passagem de ano. No entanto, outras propostas semelhantes e mais completas começam a surgir em força no mercado, pelo que mais ambição tem de ser colocada em jogo se a Ubisoft quiser prolongar esta série sem atingir um ponto de saturação.
O melhor
- Diversão para toda a família e amigos
- Selecção musical extensa e variada
O pior
- Inexistência de conteúdo desbloqueável
- Escassos modos de jogo levantam dúvidas acerca da longevidade