
ANÁLISE
Gods vs Humans
Por João Tavares a
O Olimpo é um lugar só para os deuses, mas os humanos ganharam coragem para construírem uma torre que chega até aos portões do céu. Cabe ao jogador, no papel de Todo-poderoso, impedir e castigar cada um desses humanos que ousa perturbar o pacato reino imortal. Tarefa fácil? Um pouco. Divertida o suficiente? O potencial está lá, mas Gods vs Humans não o aproveita de forma alguma. Vejamos porquê.
Um dos aspectos que mais interesse despoleta é o grafismo amigável e original. Lembra um pouco o estilo de arte que vemos em Swords & Soldiers, também no WiiWare, e esta peculiaridade pode muito bem ser o único aspecto positivo a anotar deste título de estratégia. Mas mesmo com uma direcção de arte diferente da habitual, o jogo não apresenta texturas pormenorizadas ou nenhum efeito que nos faça arregalar os olhos. Tem uma aparência demasiado lavada e que rapidamente se torna cansativa, mesmo considerando as quatro diferentes civilizações que defrontamos ao longo dos 60 níveis: egípcia, romana, nórdica e japonesa.

A jogabilidade tem uma base bastante simples e um objectivo claro, que passa pela destruição da torre que os humanos constroem. Para isso temos à disposição uma série de poderes ofensivos e defensivos. Os ofensivos englobam uma série de ataques elementares que danificam a estrutura da torre. O dano que impingimos terá de ser concentrado em apenas um dos andares, daí a estratégia envolvida na tarefa. Se, por exemplo, destruirmos logo o segundo andar, todos os outros desabarão sobre o primeiro andar danificando severamente este único. Este tipo de estratégia será a vossa melhor amiga durante a campanha, mas a falta de alternativas é gritante. Quando derem por ela, irão reparar que estão a fazer exactamente a mesma coisa há demasiado tempo, envolvendo a jogabilidade num clima de repetição nada saudável e que rapidamente satura qualquer tipo de jogador. De vez em quando lá apanhamos um nível com um objectivo diferente, mas acabam por ser ainda piores que os principais.
Por seu lado, os poderes defensivos têm por norma evitar determinadas acções por parte dos humanos. Sempre que danificamos um andar, os humanos rapidamente se apressam a concertá-lo, e é aqui que entram este tipo de ataques. Podemos enviar uma mulher atraente para deixar os trabalhadores de queixo caído e martelo no chão, ou, numa abordagem mais agressiva, soltar uma "assustadora" múmia que dará corda aos sapatos de todos os presentes no andar em questão. Porque é que estes poderes defensivos são importantes? Porque o jogador terá sempre de tomar atenção à barra de felicidade dos trabalhadores da torre. Sempre que atacamos um andar populado, os humanos que lá estão ficarão zangados com os deuses e começarão a trabalhar mais depressa como forma de vingança. Se, por outro lado, usarmos o poder de soltar uma “boazona” nos corredores, a moral dos trabalhadores irá aumentar, e eles ficarão mais desleixados. Bom para nós!
O grau de felicidade dos humanos afecta também a velocidade com que recuperamos "mana" para os poderes. Se houver um descontentamento geral, vamos demorar mais a ter energia para despoletar os nossos ataques. No caso de estar tudo bem, teremos a face contrária da moeda, com energia a fluir mais depressa para o nosso lado.
Os humanos não são constituídos apenas por meros trabalhadores, existindo algumas unidades especiais, como os padres que acalmam a sua raça, no caso de nós deuses nos estarmos a portar bem. Existe uma série de elementos que poderá induzir a ideia de estarmos perante um jogo complexo e com muito a explorar, mas na verdade, Gods vs Humans é apenas teoria, pois na prática tudo foi posto em acção da pior maneira, resultando num desperdício de potencial e numa perda de tempo para quem o joga. Por exemplo, em cada civilização temos à disposição três diferentes deuses, mas nenhum deles apresenta poderes diferentes do outro, estando a principal diferença na quantidade de energia que uns e outros necessitam para fazerem um feitiço. É este tipo de acções que deixam Gods vs Humans a derivar nas suas 60 missões cansativas e monótonas. Pouco..., muito pouco para um título que está à venda no WiiWare por 1500 pontos!

Além do modo principal de jogo, existe um outro onde nos são apresentados alguns desafios, na sua maioria ligados ao cumprimento de tarefas num dado período de tempo, e ainda o modo multijogador para que possam desafiar um amigo, saindo vitorioso aquele que destruir a sua torre primeiro. Mas nem vocês terão motivação para pegar no comando e jogar Gods vs Humans, quanto mais chegarem ao ponto de convidar alguém para vos fazer companhia. Talvez se não quiserem ver esse alguém mais à frente...
Dentro dos pontos negativos há ainda a assinalar a péssima concepção dos menus, com texto excessivo, botões minúsculos e uma organização nada amigável para o utilizador. A música é repetitiva e passará ao lado da grande maioria. Não chega a maçar, mas também ninguém fará questão de subir o volume da TV. Os efeitos sonoros vão pelo mesmo caminho. Tudo no campo do fraco ou mediano.
Conclusão
Pedia-se muito, muito mais a Gods VS Humans. Estamos a falar de um jogo apreçado em 1500 Nintendo Points que não justifica de maneira alguma esse valor. Aliás, podia custar 500 NP que continuaria a ser um título nada aconselhável, pela simples razão de não ser divertido, e nem o seu charme visual o safa do veredicto. Existia aqui muito potencial, que no caso de ser aproveitado poderia resultar numa experiência notável. Mas da maneira como está não nos resta outra alternativa senão deixar-vos um conselho: não descarreguem o ficheiro do WiiWare. Existem opções bem melhores e mais baratas.
O melhor
- Grafismo engraçado
O pior
- Conceito de jogo mal aproveitado
- Desenvolve pouco, tornando-se aborrecido rapidamente
- Excessivamente caro