
CRÓNICA
Último olhar para trás
O fim de uma era.
Por Gustavo Pereira a
Com a Switch ao virar da esquina é tempo de olhar para a parte mais importante da Wii U: os seus jogos. Por muitas funcionalidades que as consolas tenham começado a desenvolver, os jogos continuam, e continuaram, a ser o seu prato forte. Um primeiro olhar sobre o catálogo da Wii U revela um baixo número de jogos, sobretudo quando comparado com outras consolas (a Wii recebeu mais do dobro). No entanto, para além do número de jogos há mais dois pontos importantes quando se olha para um catálogo, sendo eles a qualidade e a variedade. Se por um lado, um catálogo gigante sem nenhum jogo bom é incapaz de atrair quem quer que seja, por outro um catálogo composto por jogos de apenas um género também se revela pouco atraente.
Comecemos pela variedade de géneros. O ponto forte da Wii U, e das consolas da Nintendo em geral, é sem dúvida os jogos de plataformas. Com três jogos da série Mario (mais uma expansão), Yoshi, Kirby, Donkey Kong e Captain Toad, não se pode dizer que este não seja um ponto forte da consola. Isto apenas olhando para jogos vindos da Nintendo, porque de outros estúdios ainda se contam Rayman, Skylanders e uma mão cheia de indies. Infelizmente o cenário não é tão animador noutros géneros. Começando pelos que devem ser os dois géneros mais populares actualmente (deporto e FPS), contamos os representantes pelos dedos. No que toca ao segundo, vê-se um total de quatro jogos, sendo eles Splatoon, dois Call of Duty e um Sniper Elite. Por outro lado, em desporto, se excluirmos a série Mario & Sonic, contam-se três entradas respeitantes a 2013 (FIFA, 2k13 e NFL). A conclusão mais óbvia é a de que nenhuma destas três entradas vendeu o suficiente para justificar novos jogos. Este não é um problema que não se tenha verificado noutras consolas da Nintendo, embora a Wii tenha recebido mais exemplares destes dois géneros. Para além de ter recebido várias entregas de FIFA (e de Pro Evolution Soccer) ainda teve mais lançamentos da série Call of Duty. Esta falta de jogos não se aplica apenas a estes dois géneros, se entrarmos no survival horror deparamo-nos com uma quebra abrupta para aquilo que tinha sido a oferta da Wii. Enquanto a Wii U apenas recebeu um Project Zero, um Resident Evil e Zombii U, a Wii teve duas entradas de Resident Evil, dois Project Zero (embora um não tenha saído do Japão), Silent Hill e mais alguns jogos (isto sem referir os jogos de horror on-rails). Este problema alastra-se a muitos outros géneros. No entanto, o mais preocupante é que alguns destes géneros não estiveram ausentes apenas na Wii U. Jogos de simulação quase nunca chegam às consolas da Nintendo e é algo que com a Switch não parece que se vá inverter.
Passando agora à qualidade dos jogos, deparamo-nos com o problema da subjectividade inerente. Uma boa forma de eliminar o problema da subjectividade passa por olhar para as notas dadas pelo FNintendo superiores a 9 para a Wii U e para a Wii (embora alguns jogos da Wii possam não ter sido analisados, como aconteceu com The Legend of Zelda: Twillight Princess ou Okami). A Wii U recebeu dezanove jogos com notas superiores a 9 enquanto que a Wii recebeu vinte e um. Parece haver uma diferença mínima entre o catálogo da Wii U e o da sua antecessora. Contudo, a diferença aumenta substancialmente se utilizarmos o Gamerankings e passa então a ser de sete jogos (uma com doze e outra com cinco) entre ambas as consolas. Por fim, volta a verificar-se a predominância dos jogos de plataformas, com um total de oito jogos com nota superior a 9, pela contagem do FNintendo e a ausência de jogos de tiros, por exemplo.Em suma, a Wii U foi uma consola com imensas debilidades no seu catálogo. A falta de variedade de géneros foi um factor marcante da Wii U e que não pode ser posto de lado na hora de atribuir responsabilidades sobre o seu falhanço comercial. Mesmo com um grande esforço da Nintendo para trazer qualidade ao seu catálogo (apenas três jogos com nota superior a 9 não foram distribuídos pela Nintendo, pelas nossas contas) não foi suficiente para igualar a qualidade a que a Wii nos tinha habituado. Infelizmente, parece que a Switch não vai corrigir o primeiro aspecto mas atraindo estúdios externos, pode conseguir resolver o segundo.