
ANÁLISE
Pang: Magical Michael
Por Fábio Pereira a
Ao longo da década de 90, beat 'em ups, shooters e jogos de corridas tiveram nas máquinas arcade a sua plataforma de eleição. Durante a proliferação destes géneros, que brotavam como cogumelos por todos os salões de jogos, houve ainda espaço para títulos de culto, com conceitos no mínimo originais para os jogadores mais atentos às tendências da época. Pang (conhecido também como Buster Bros.) conseguiu um reconhecimento moderado até ao ano 2000, contando com lançamentos esporádicos, mas na viragem do milénio começou a perder popularidade e as produtoras não mostraram interesse em ressuscitar o nome. Pelo menos até agora. 2010 marca o regresso deste conceito simplesmente peculiar.
Pang: Magical Michael conta a história do mágico e ilusionista Michael, que procura desenvolver a fórmula de um novo feitiço. As coisas correm mal e aquilo que deveria ser um espectáculo de bolas flutuantes torna-se um desastre. As bolas saltam do caldeirão e espalham-se pelas principais cidades do globo, cabendo assim ao jovem feiticeiro percorrer os cinco continentes e destruir todas as esferas saltitonas que encontrar pelo caminho. Uma história simples, para um conceito simples inserido numa estrutura simples. E simplicidade é meio caminho andando para o sucesso neste estilo de jogo com acção rápida e cheirinho a puzzle.


PANG! e lá rebenta a bolha.
No modo principal os níveis estão espalhados por várias cidades famosas da Europa, Américas, Ásia, África e Oceânia. Alguns estão divididos em diferentes zonas como norte ou sul da Europa. Assim, os cenários são representações de locais como as pirâmides de Gizé, o parque nacional do Kilimanjaro ou a Acrópole de Atenas, sem descuidar a presença de monumentos nacionais como a Torre de Belém e o Castelo da Pena. Em conjuntos de quatro níveis com tutoriais regulares que apresentam novas funcionalidades a pouco e pouco, não é difícil entrar no esquema de jogo que já por si é bastante básico.
Os níveis resolvem-se em pouco tempo. As bolas ressaltam pelo cenário e o objectivo é rebentar com elas mal atinjam o ponto mais alto do salto. Isto porque apenas podemos disparar para cima, na vertical. Quando atingidas, dividem-se em mais pequenas, que por sua vez se dividem noutras mais pequenas, e assim por diante até atingir o mínimo possível. As cores e o tamanho servem precisamente para as diferenciar, ditando ainda o número de tiros para as eliminar. O disparo básico é um raio vermelho ao jeito de labareda flamejante, mas há outros com diferentes atributos, como uma espécie de cristais que permite dois disparos de seguida, ou uma liana verde cheia de espinhos que se fixa no tecto do cenário criando uma barreira temporária, e ainda um baralho de cartas que dispara em cinco direcções. Todos estes movimentos são importantes para reforçar um dos pontos-chave do jogo: pontuações. E estando apenas à distância de um pequeno toque numa bola para ver o ecrã de game over, os power-ups são mais do que necessários.
Como já foi referido, os níveis são de curta duração. Mesmo as fases de dificuldade mais avançadas resolvem-se em pouco tempo, por isso o desafio está em obter uma pontuação arrebatadora. Para isso existem diversas formas, mas na sua essência partem sempre do mesmo princípio de fazer tiros certeiros consecutivos e demorar pouco tempo a atingir a próxima bola na corrente de disparos. Algumas plataformas escondem diamantes que também seguem este princípio, ou seja, se forem apanhados uns após os outros valem mais do que em separado. Assim, se almejam a medalha de ouro em todos os níveis terão de fazer bom uso dos reflexos rápidos, pois a jogabilidade é bem frenética em certas situações. E os níveis mais avançados vão exigir muita perícia para chegar às pontuações extremas.


Todos os items são importantes para sobreviver a estas bolas assassinas.
Os incansáveis podem também contar com um modo infinito em que, como o nome sugere, as bolas caem ininterruptamente e cada vez em maior quantidade e velocidade. Com apenas três vidas devem tentar alcançar o maior número de pontos até ficarem sem qualquer hipótese de continuar. No jogo espelha-se uma óbvia orientação para alcançar grandes recordes, e não é de estranhar a presença de um ranking online para mostrar ao mundo como são peritos na grande arte de rebentar balões. O vosso ego pode aumentar ainda mais através de algumas conquistas prontas a desbloquear pelos mais variados feitos. Depois têm o multijogador, também com a opção de jogarem dois com apenas um cartucho. Um dos modos é cooperativo, seguindo as regras do jogo a solo, e o outro é versus, com um jogador no chão e outro no tecto a empurrarem as bolas entre si. Estes modos importam para expandir a longevidade que, embora generosa, pode ser algo maçadora se Pangfor jogado continuamente. Última nota para o aspecto gráfico que, embora secundário neste tipo de jogo, e mesmo tendo cenários diferentes, peca na falta de ambição em conseguir animações mais cuidadas e maior variedade de elementos.
Conclusão
Os mais saudosos vão ficar contentes por recordar o clássico que o tempo lá decidiu trazer de volta. Mesmo com a simplicidade que demonstra é um esquema vencedor que deverá agradar a velhos e novos jogadores. São as tão badaladas fórmulas de sucesso que por mais anos que passem continuam a satisfazer qualquer um. Não é uma colagem do passado, mas o necessário está lá. Sem dúvida uma proposta a considerar para a época natalícia que se aproxima, e a um preço convidativo.
O melhor
- Desafio proporcionado
- Boa revitalização da série
- Preço convidativo
- Modos de jogo variados
O pior
- Apresentação pouco cuidada
- Visuais medianos