
CRÓNICA
O lado negro da Nintendo Switch
Serviço online em discussão.
Por Gustavo Pereira a
Uma das falhas que mais tem sido apontada às consolas recentes da Nintendo é a sua componente online. Desde a Wii que a Nintendo tem estado constantemente atrás da concorrência no que toca às ofertas do seu serviço online. No seu lançamento, esperava-se que a Wii U incluísse serviços que já existiam na concorrência mas apesar das inovações que trouxe, ficaram muitas lacunas por colmatar. Espera-se agora que sejam corrigidas na Switch, visto que apesar da consola já ter sido lançada, ainda pouco se sabe sobre como é que o seu serviço online irá funcionar. O facto de passar a ser pago traz ainda mais responsabilidades para a Nintendo corresponder às expectativas dos jogadores.
Antes de vermos o que se pode esperar deste serviço online, devemos começar por compreender quais são as principais características que mais influenciam os jogadores a aderir a este tipo de serviços. Há dois pontos principais nestes serviços. O primeiro é a existência de comunicação por voz. Muitos jogadores valorizam a opção de comunicar por voz com amigos enquanto estão a jogar (por vezes até jogos diferentes). Outra opção bastante valorizada é a oferta de jogos e de descontos. Na concorrência esta oferta assenta em duas componentes: uma em que se pode jogar determinados títulos de forma gratuita numa espécie de aluguer e outra em que os membros têm descontos extra nas compras digitais de alguns jogos. Estas componentes são as que têm uma maior importância, embora hajam outras que também têm impacto como a oferta de funções multimédia.Se olharmos para as informações que a Nintendo revelou até agora, o cenário não é promissor. A grande vantagem que a Switch apresenta é o preço relativamente baixo da anuidade do serviço. Contudo e ao que tudo indica, a comunicação por voz apenas será possível através de uma aplicação por telemóvel. Esta poderia ser uma ideia interessante caso fosse um complemento à comunicação tradicional, como forma exclusiva levanta-se a questão de porquê não usar simplesmente uma aplicação qualquer para telemóvel. Por outro lado, as informações sobre a oferta de jogos também não têm sido muito positivas. Ao que parece, a oferta mensal de jogos será limitada a jogos da Virtual Console e apenas pelo período de um mês. Mesmo um aumento das promoções é pouco provável quando olhamos para a forma como a Nintendo costuma gerir o preço dos seus jogos. Esperar grandes descontos nos principais títulos, mesmo nos jogos mais antigos, é algo que a Nintendo nos habituou a não esperar, sobretudo quando olhamos para o exemplo do My Nintendo. Um último aspecto importante mas que é mais difícil de quantificar é a qualidade dos servidores. Este não é um aspecto em que se possa dizer que a Wii U tenha falhado profundamente mas o facto de o serviço online passar a ser pago vai obrigar a Nintendo a apresentar um serviço com qualidade que justifique o preço pago pelos consumidores.
O serviço online da Switch não aparenta mostrar benefícios que consigam rivalizar com a concorrência. Isto vai prejudicar ainda mais a consola na sua tentativa de cativar o público do mercado de consolas domésticas. Por outro lado, vai também afectar os consumidores, visto que terão um serviço online de fraca qualidade. Mesmo os jogadores que não valorizem a componente online podem perder títulos 3rd party com fortes componentes online, como jogos de desporto, que terão nesta lacuna (mais) uma razão para não serem lançados na consola. Ainda é possível que a Nintendo oiça os consumidores e que melhore substancialmente a sua oferta, embora à medida que o tempo passa tal pareça cada vez menos provável. Um preço inferior ao da concorrência é um bom começo mas não será suficiente para evitar mais uma falha na abordagem da Nintendo à componente online.