
ANÁLISE
Bit. Trip Void
Por João Tavares a
Tanto Bit Trip Beat, como Bit Trip Core, apesar de serem diferentes, partilhavam uma característica: a prisão de movimentos. Em Beat o jogador controlava uma barra na vertical ao estilo de Pong, e em Core disparava feixes de luz em quatro direcções diferentes. Nenhum desses títulos se podia gabar de grande liberdade de movimento, e foi à volta dessa ideia que a Gaijin Games produziu o terceiro episódio série de nome Void.
A grande novidade é mesmo a possibilidade do jogador controlar o pixel do jogo livremente por todo o ecrã, com o auxílio do analógico do Nunchuk, sem estar preso a qualquer tipo de grelha. O objectivo passa por colidir com pequenos bits, mas Void explora esse conceito de uma forma um pouco mais aprofundada. Se anteriormente tínhamos de seguir uma sequência lógica de bits, agora podemos apanhar tudo o que nos surge no ecrã pela ordem que bem entendermos. Existem duas cores diferentes de bits, branca e preta. Os bits brancos deverão ser evitados a todo o custo (ou entramos em modo Nether), ao passo que os pretos nos sobem a pontuação. Mas a tarefa não é tão simples quanto parece.

Sempre que o nosso pixel colide com bits pretos ganhamos pontos, mas consequentemente também aumenta de tamanho, podendo chegar a ser uma bola enorme do tamanho do ecrã de jogo. Conforme aumenta de tamanho, a sua agilidade decresce, tornando-se mais difícil de correr atrás ou de nos esquivarmos de bits mais velozes. Podemos voltar ao tamanho mínimo inicial pressionando o botão A do Wii Remote, e é à volta deste sistema que teremos de pensar o nosso jogo. Isto porque, apesar de podermos diminuir o tamanho do pixel sempre que quisermos, acabamos por ganhar mais pontos se chocarmos contra bits enquanto tivermos um tamanho consideravelmente grande.
Dada a nossa flexibilidade de movimento, a Gaijin Games aproveitou também para subir um pouco mais o desafio, apresentando grupos de bits com trajectórias extremamente complicadas de prever e muito imprevisíveis. Tal como tem sido apanágio da série Bit Trip, Void é um jogo muito exigente que puxa pelas nossas habilidades e reflexos como poucos títulos fazem hoje em dia. Mas também traz uma novidade que poderá agradar a muitos. Pela primeira vez existem checkpoints a meio dos níveis, dividindo a acção em diversas secções, o que resulta numa experiência mais leve e fácil de digerir. No final de cada uma dessas secções recebemos um resumo da nossa pontuação, e sempre que morremos reiniciamos no checkpoint anterior, o que acabará por prejudicar gravemente a nossa pontuação, mas pelo menos não nos atira para o início do nível, algo que surgiu como factor desmotivante nos primeiros jogos da série.
Contudo, se por um lado a Gaijin Games conseguiu resolver um dos problemas dos anteriores títulos, por outro voltou a deixar a componente online totalmente de lado. Continua a ser incompreensível como hoje em dia recebemos jogos dedicados a pontuação, de boa qualidade, mas que obrigam o jogador a competir contra si mesmo, não o deixando expor os seus feitos ao mundo.

À margem da jogabilidade actualizada, tudo o resto é bastante semelhante ao que temos encontrado até aqui. As faixas sonoras de música electrónica continuam com qualidade acima da média e são complementadas pelos efeitos sonoros dos bits. Mas como temos uma grande liberdade de movimentos em Void, esses efeitos acabam por ter um impacto diferente nas três diferentes melodias de cada nível. Ao reduzirmos o tamanho do nosso pixel vamos também dar azo a um pequeno bass sonoro, com o qual acaba por ser engraçado brincar. Por vezes conseguimos resultados capazes de nos deixar com um sorriso na cara.
O grafismo, por seu lado, pareceu-nos um pouco menos dinâmico do que em Beat e Core, havendo mais fases mortas e de pouca cor e movimento. Apesar de pior do que os seus irmãos mais velhos nesta componente, Void continua a apresentar boa qualidade, carregando consigo a identidade Bit Tripque começa a deixar uma grande marca no WiiWare.
Conclusão
Se fizeram o download de Bit Trip Beat e Core, então Void será um novo destino óbvio para esse vosso percurso. Quem até aqui adorou os dois jogos Bit Trip, não vai encontrar motivos para desgostar desta nova entrada. Bem pelo contrário, Void , no geral, supera o seu antecessor Core com uma jogabilidade mais agradável e níveis divididos por checkpoints que deverão facilitar um pouco a vida aos que sentem dificuldades. Agora, o contrário pode ser dito em relação a Bit Trip Void. Se não gostaram de nenhum dos outros dois títulos, então não será Void a puxar-vos para este mundo único de pixels e bits.
O melhor
- Preço convidativo
- Checkpoints espalhados pelos níveis
- Jogabilidade volta a ser renovada
O pior
- Visualmente mais "morto" que os outros Bit. Trip
- Sem componente Wi-Fi, novamente