
CRÓNICA
Um resumo da E3 2017
Análise à presença da Nintendo em Los Angeles.
Por Gustavo Pereira a
Terminada mais uma E3 chega a altura de se fazer um balanço daquilo que foi a presença da Nintendo no certame e comparar com as expectativas iniciais. Relembrando o artigo que escrevi acerca das previsões para o evento, tinha dito que por parte da Nintendo seria de esperar o anúncio do regresso de uma série que já estivesse desaparecida há algum tempo, bem como o anúncio de duas séries habituais e foi o que de facto se verificou, com o anúncio de Metroid Prime 4, de um novo Kirby e de um novo Yoshi (deixemos Pokémon para mais à frente, até porque não se tratou propriamente de um anúncio). Quanto a apoios 3rd party, não houve nenhum anúncio propriamente extraordinário, sendo que a única surpresa foi o Rocket League e o anúncio de Mario + Rabbids, com a Nintendo a realçar Skyrim e FIFA 18. Por último, acabou por ser dada uma importância mínima aos títulos japoneses. A grande surpresa talvez tenha sido a ausência do habitual showcase de indies que estão para chegar. Isto é ainda mais estranho quando olhamos para um início de vida da Switch que parecia prometedor para os fãs de jogos indie. Outra surpresa foi a Nintendo não ter revelado mais pormenores sobre actualizações para a Switch ou para o serviço online da consola. Tudo isto permite-nos tirar algumas conclusões sobre a estratégia da Nintendo.
O primeiro aspecto a realçar é a relação da Nintendo com os grandes estúdios. Havia alguma esperança que esta E3 trouxesse a chegada de grandes títulos à Nintendo como Beyond Good & Evil 2, Red Dead Redemption ou até mesmo Overwatch. Contudo, essas expectativas saíram defraudadas e acabou por se confirmar o cepticismo das grandes produtoras em relação ao sucesso da Switch. Quer FIFA quer Skyrim são títulos que vão servir para testar a receptividade do público da consola a estes grandes jogos. Caso estes títulos consigam alcançar algum sucesso, é provável que comecemos a ver anúncios de outros jogos. Caso falhem, podemos começar a contar com uma consola ao nível da Wii U no que toca ao apoio de estúdios ocidentais. Em relação aos estúdios japoneses, o facto de eles terem estado totalmente ausentes deve significar que vamos ter notícias deles noutro evento. Seria importante para a consolidação da Switch no Japão que houvessem vários jogos do agrado do público a caminho da consola, ainda para mais com o lançamento de Monster Hunter (uma série com grande peso no território) na PS4.O segundo aspecto é a cadência de lançamento de jogos que a Nintendo está a tentar manter na Switch. Agora que a Nintendo só tem que manter uma consola (deixemos a 3DS mais para a frente) era de esperar que houvesse um ritmo de lançamentos superior e a Nintendo está a tentar corresponder. Se até ao final do ano já tínhamos assegurado dois títulos de peso (Mario e Xenoblade) com alguns lançamentos mais pequenos pelo meio (como Arms e Pokkén Tournament), esta E3 serviu para a Nintendo começar já a preparar 2018. Metroid Prime 4 passa a ser o grande jogo pelo qual devemos esperar enquanto Yoshi e Kirby devem assegurar o início do ano até ao próximo título de peso. O mais provável é que depois do lançamento de Super Mario Odyssey, a Nintendo anuncie o grande jogo que seguirá Xenoblade na lista de lançamentos.
O terceiro aspecto importante desta E3 é o futuro da 3DS e a importância do 'anúncio' de Pokémon. De facto esta referência a Pokémon parecia deslocada, uma vez que nem o nome do jogo tinham para mostrar, ao contrário de Metroid Prime 4. No entanto, dias antes da E3 houve um Nintendo Direct dedicado a Pokémon do qual saiu o anúncio de um novo jogo da série principal mas ao contrário do que todos pensavam, o jogo foi anunciado para a 3DS. A primeira conclusão seria que na verdade, a Switch não será uma sucessora da 3DS e que as duas se vão manter em conjunto. Isso explicaria os vários jogos anunciados para a 3DS nesta E3. Foi precisamente para evitar passar esta mensagem aos consumidores que houve uma secção da apresentação da Nintendo apenas para garantir que a Switch irá de facto receber um jogo da série Pokémon. Isto permite à Nintendo manter a 3DS a receber apoio e ao mesmo tempo, garantir que as vendas da Switch não saiam prejudicadas.Uma quarta ideia a retirar desta semana é a possível aproximação da Nintendo a estúdios de média dimensão. Se é verdade que a relação da Nintendo com estúdios de média dimensão japoneses era boa nos tempos da 3DS, o mesmo não se pode dizer da relação com estúdios de média dimensão ocidentais. A verdade é que o lançamento de Rocket League pode mudar isso. O sucesso deste jogo pode trazer para a Nintendo estúdios como a Telltale Games, o que seria importante ao nível da variedade de géneros.
Por fim, apesar da ausência dos Nindies provavelmente não se vir a reflectir no número de lançamentos deste tipo de jogos na Switch, a verdade é que estas apresentações da Nintendo eram uma excelente janela para os pequenos estúdios que têm dificuldades em fazer chegar os seus jogos ao público e provavelmente ajudaram a posicionar a Nintendo como uma empresa “amiga” das produtoras independentes. Em suma, esta E3 pode não ter trazido grandes revoluções para a Switch mas isso é muito provavelmente um sinal de que o lançamento está a ser positivo e, como se costuma dizer, “em equipa que ganha não se mexe”. Resta esperar para saber se esta estratégia vai continuar a trazer resultados positivos para a Nintendo.