
ANÁLISE
Resident Evil Archives: Resident Evil Zero
Por Gonçalo Silva a
Todos os jogadores conhecem Resident Evil. "Há zombies a correr por aí e tu tens de matá-los!" é, mais nuns, menos noutros, o mote dos diferentes jogos. Este jogo, que é um port directo do título da Gamecube "Resident Evil 0", lançado em 2003, não se afasta muito das raízes, mas será isso uma característica para o bem ou para o mal? Vamos ver!
O jogo começa num comboio, onde se passa algo de errado e a personagem principal, Rebecca Chambers, com a sua equipa, tem de verificar o que se passa. Infelizmente os zombies atacam os seus companheiros e Rebecca vê-se forçada a cooperar com um criminoso, Billy Coen, se quiser sair viva do comboio. Não revelarei mais pormenores da história para não arruinar o jogo a ninguém, e até porque provavelmente muitos já jogaram este jogo na sua versão Game Cube.

Como disse antes, Resident Evil não se afasta muito das suas raízes. Infelizmente, isso quer dizer que, se não gostavam dos antigos Resident Evil, o mais provável é que também não achem muita graça a este. Mas vamos por partes, primeiro vou começar por falar dos controlos. Aqui o jogo não peca por falta de variedade. É compatível com Wiimote + Nunchuk, Classic Controller e Gamecube Controller, portanto podem facilmente usar aquele que acham mais confortável. Também têm alguns tipos de controlo caso não gostem do normal, mas infelizmente não podem editar cada acção para o botão mais ao vosso gosto, estando limitados ao número de opções que o jogo vos dá. Porém, isso não deverá ser um grande problema, pois os botões estão satisfatoriamente posicionados e seria difícil haver melhor opção, a meu ver. Em jogabilidade propriamente dita, como já disse, é RE frio e cru. As personagens ainda se controlam como se fosse um tanque, em que os botões esquerdo e direito do d-pad fazem a personagem rodar no lugar, o botão para baixo faz andar para trás e o botão para cima, para a frente, o que sem dúvida exige uma elevada dose de habituação. Para atacar, precisam de carregar no botão para fazer mira com a arma (Classic controller default "r") e o botão de acção (classic controller default "a") para disparar.
O mais original deste título é a clara ênfase na cooperação entre as duas personagens, Rebecca e Billy. A qualquer momento, ao carregar num botão (Classic controller default "x"), podem trocar de personagem enquanto a outra fica ao comando da I.A. Podem também controlar a outra personagem com, no caso do CC, o analógico direito, mas ela ainda atacará de acordo com as definições da I.A. a inteligência artificial também tem alguma dose personalização, podendo escolher se querem que ela fuja dos inimigos ou os mate, que vos siga ou que fique quieta, entre outras coisas.
Tanto Billy como Rebecca têm diferenças no que toca a capacidades, que se chega a reflectir mesmo na resolução dos puzzles que o jogo nos oferece. Billy é mais resistente em combate e consegue empurrar objectos maiores, mas é incapaz de misturar itens como ervas. Por outro lado, Rebecca é capaz de misturar ervas e químicos, mas tem uma fraca defesa, e pode morrer com poucos ataques inimigos. Para repor a energia, temos as já conhecidas ervas. Cada uma tem utilidades diferentes e é preciso saber geri-las se quiserem sobreviver. Temos a verde, que recupera alguma energia, a vermelha, que serve apenas para misturar com a verde, e a azul, que cura veneno. Existem também várias outras resultantes da mistura destas três, como a tripla erva verde, assim como vários itens curativos mais genéricos. Dão precisos tubos de tinta para podermos gravar o nosso progresso nas máquinas de escrever. Felizmente o jogo não é esquisito com estes itens, portanto, a não ser que não tenham espaço, é pouco provável que alguma vez não gravem por falta de tinta. Porém, o espaço que têm para os items pode, por vezes, provar-se limitado (apenas 6 blocos por personagem), e como até existem items que ocupam dois blocos em vez de um (como as espingardas), às vezes podem ter de abandonar determinados itens que não gostariam, pelo menos até terem outra vez espaço para eles.
As missões do jogo, porém, são um pouco repetitivas, com buscas de itens intermináveis. Para abrir uma porta precisam de um cartão, para ter o cartão precisam de encontrar e abrir uma mala e para abrir essa mala precisam de encontrar dois anéis que estão em locais completamente distintos. Chega a um certo ponto e já cansa estar à procura de tanto item só para abrir uma porta. E isto reflecte-se em boa parte do jogo, mas com items distintos.

Em termos de longevidade o jogo faz o que pode. A aventura principal dura mais ou menos até às 10 se jogarem com calma e apreciarem a viagem, mas com vários segredos para desbloquear, prémios dependendo de quanto demoraram a passar o jogo e minijogos que, se gostaram do jogo, pode fazer passá-lo uma segunda vez algo que queiram fazer, podem ter aqui um jogo que vos mantenha ocupado entre 15 e 20 horas.
No campo gráfico o jogo não se destaca muito, mas também não é o pior que já se viu, especialmente tratando-se de um portdirecto de um título da Game Cube. As personagens estão satisfatórias, mas a falta de cor, apesar de totalmente compreensível, contribui um pouco para a monotonia do jogo. Também há algumas detecções de colisão questionáveis aqui e ali, como em casos em que trespassmos por completo a perna de um cadáver caído no chão, mas também não entremos por aí. As cenas CG têm bom aspecto e, com alguma boa vontade, até conseguiriam fazer frente a uns jogos menos bons que se vêem nos dias de hoje. No campo sonoro o jogo não impressiona. As vozes estão bem interpretadas e os efeitos sonoros também não têm muitos defeitos que se possam apontar, mas a quase completa falta de música de fundo, apesar de, tal como os gráficos, servir para criar ambiente, contribui também, ainda mais, para a monotonia do jogo.
Conclusão
No seu todo, Resident Evil Archives: Resident Evil 0 não é um jogo mau. Não deixa de ser um port directo de um título da Game Cube, é um pouco monótono e repetitivo, mas é indiscutivelmente um jogo feito para os fãs, e se tal forem, vão sentir-se em casa. Se não forem, dificilmente se habituarão ao estilo e aos controlos do jogo, portanto é melhor partirem para outras paragens.
O melhor
- Boa longevidade
- Se são fãs de RE vão sentir-se em casa
- Gráficos decentes tendo em conta a data em que o jogo originalmente se insere
O pior
- Algo monótono
- Ausência de um modo para dois jogadores
- Se não são fãs da série irão estranhar os controlos