
ANÁLISE
Pearl Harbor Trilogy - 1941: Red Sun Rising
Por João Tavares a
O WiiWare ainda estava para ver nascer um jogo de aviões, mas felizmente a Legendo deitou mãos ao trabalho e trouxe até nós Pearl Harbor Trilogy 1941: Red Sun Rising. Cronologicamente, este título centra-se no famoso ataque japonês a Pearl Harbor, que devastou grande parte do coração da frota marítima americana. Assim sendo, o jogador opta entre voar pelos ares sob a bandeira americana ou japonesa, atravessando uma série de objectivos e lutando em prol da vitória da sua pátria.
Pearl Harbor Trilogy 1941 escolhe uma aparência de banda desenhada para recriar os seus menus, mas o jogo em si apresenta um grafismo realista com muito bom aspecto, isto atendendo aos padrões normais do WiiWare. Temos diversos modelos de aviões à nossa disposição, retratados com uma precisão agradável apesar de alguma falta de detalhe, e cenários bem grandes para explorar. A Legendo conseguiu ainda apresentar alguns efeitos de grande qualidade, como a neblina que ataca o nosso ecrã quando ganhámos muita altitude ou os furos dos aviões causados por fogo inimigo. Também as fases diurnas e nocturnas não foram esquecidas, nem as diferentes condições meteorológicas, das quais a chuva se destaca. Tudo acaba por se misturar muito bem e resultar num produto tecnicamente agradável, apesar dos cenários algo despidos a precisarem um pouco mais de polimento. Mas acima de tudo fiquei muito agradado com a frame rate, que apesar de toda a acção no ecrã envolver dezenas de aviões, barcos e anti-aéreas a dispararem ao mesmo tempo, mantém-se impecável. Excelente trabalho da Legendo.

Teremos diferentes tipos de aviões para objectivos igualmente diferentes.
Porém, um jogo não é nada sem uma jogabilidade sólida, e Pearl Harbor Trilogy 1941 também não se faz valer apenas do seu visual bem trabalhado. Começando pelos esquemas de controlo, existem três tipos diferentes que podem ser alterados a qualquer altura do jogo, sem a necessidade de voltar ao menu. Podemos utilizar somente o Wii Remote na horizontal, ou conectar o Nun-Chuk ou o Classic Controller. Sempre que conectamos/desconectamos um controlador, o jogo simplesmente pausa a alertar-nos para essa acção, mostrando o esquema de acções associadas aos novos botões. A partir daí estamos prontos para continuar a pilotar. Qualquer um desses esquemas é intuitivo, apesar de requererem alguma habituação, principalmente o do Classic Controller, em que a sensibilidade do avião é bastante leve e impossível de ser alterada. No caso dos sensores, como quando temos o Wii Remote na horizontal podemos regular essa sensibilidade para um controlo preciso e imersivo, com uma pequena pitada arcade.
Em relação a modos de jogo temos Campaign e Dogfight. No primeiro seguimos a história americana ou japonesa, com uma série de missões a completar que envolvem o abate de aviões inimigos ou a destruição de navios cargueiros e instalações de comunicação. Há uma grande variedade de objectivos para o rol de 16 missões presentes. Em algumas dessas missões, dependendo da nossa escolha de avião (seja caça ou bombardeiro), teremos um objectivo diferente, visto que os bombardeiros servem para atacar inimigos que se encontrem no solo, enquanto o caça tem uma performance aérea superior graças à sua agilidade e mísseis de ataque.
Já o modo Dogfight acaba por ser um centro de entretenimento para manter os jogadores ocupados após terminarem o modo principal. Aqui teremos os habituais modos livres, onde em Avenging Ace abatemos um determinado número de aviões inimigos, ao passo que em Survival teremos de sobreviver a vagas consecutivas de ataque. Existe ainda o Free Flight para que possamos explorar as paisagens do jogo livremente e sem qualquer perigo. As localizações e aviões utilizados em Dogfight são desbloqueados conforme avançamos no Campaign.

Teremos algumas missões nocturnas pela frente, sendo a maioria furtivas.
Como poderão ter reparado, existe bastante conteúdo em Pearl Harbor Trilogy 1941, em especial pelo seu preço convidativo de 700 Nintendo Points, mas grande parte da longevidade deve-se também à enorme dificuldade que irão presenciar. Esta acaba por ser uma das falhas do jogo, visto ter uma curva de aprendizagem nada suave, em que os jogadores são atirados, logo nas primeiras missões, para um campo de batalha apetrechado de adversários controlados por uma IA implacável. De facto, a IA dos inimigos é muito boa, com estes a evitarem controlar o avião em linhas rectas, tentando sempre escapar do nosso posicionamento na sua cauda, contando também com um instinto verdadeiramente matador sempre que se posicionam na nossa retaguarda. Quer sejam veteranos no género, ou iniciados, é um dado adquirido que irão repetir as missões diversas vezes até serem bem sucedidos. O jogo assim obriga. Temos de ser muito bons no manejo do nosso avião.
Outro aspecto que dificulta a nossa missão nos ares é a falta de qualquer apoio no disparo das nossas armas de fogo. No caso da metralhadora o problema não é tão grave, mas tentar acertar com um míssil num avião inimigo é uma tarefa, no mínimo, hercúlea, e só depois de bastante tempo de jogo é que irão começar a apanhar o jeito.
E tudo isto para dizer que Pearl Harbor Trilogy 1941não é meigo com ninguém e espera sempre o máximo de nós. Alguns vão adorar esse tipo de desafio, outros irão torcer o nariz. O único aspecto que realmente salta como desilusão é a fraca componente sonora, com faixas que passarão completamente ao vosso lado. Para piorar ainda mais o cenário, a música é simplesmente inaudível durante as missões, mesmo indo às opções e subindo o seu volume até ao máximo. Só a ouvem se reduzirem os sons dos disparos, mas quem é que deseja isso? A grande maioria dos efeitos sonoros são bons, mas também não posso deixar de fazer um reparo às transmissões via rádio que são feitas durante os voos e que são horríveis.
Conclusão
Apesar da sua curva de dificuldade bastante acentuada, não posso deixar de recomendar Pearl Harbor Trilogy 1941: Red Sun Rising a qualquer tipo de jogador. Os fanáticos pelo género vão-se sentir como peixe na água com este título da Legendo, e aqueles que nunca tiveram um grande contacto com o género têm aqui a oportunidade perfeita de o experimentar com um investimento de baixo custo. Ponham o capacete, subam para o cockpit, e rasguem os céus de Pearl Harbor!
O melhor
- Grafismo muito bom
- Modos de jogo variados e divertidos
- Diversos esquemas de controlo intuitivos
- IA inimiga muito desafiante
O pior
- Dificuldade do jogo pode causar frustração
- Alguns pormenores gráficos e sonoros de menor qualidade