
ANÁLISE
I and Me
O meu outro eu.
Por António Branquinho a
Pela mão da Wish Fang chega à eShop da Switch um jogo que mistura puzzles com plataformas, I and Me. Neste jogo controlam-se dois gatos simultaneamente que têm de ser colocados em duas caixas distintas para terminar o nível. Ao contrário da maioria de outros jogos em que se controlam duas personagens, em I and Me ambos os gatos são controlados simultaneamente, o que quer dizer que o jogador tem que usar paredes e fossos para aumentar ou diminuir a distância entre os dois gatos.
I and Me foi produzido numa altura em que todos os jogos indie tinham que (parecer) ter alguma profundidade filosófica e este jogo não é excepção. Entre cada nível, e por vezes em folhas no meio de níveis, é-se brindado com frases mais ou menos profundas acerca de como o jogador se comportaria se tivesse que observar a sua vida como espectador. Se inicialmente isso até pode despertar alguma curiosidade, ao longo dos noventa níveis, essa sensação vai desaparecendo e a cerca de um quarto do jogo o mais certo é ignorar as frases que aparecem no ecrã. No entanto e quem estiver interessado pode ficar desiludido em saber que, por algum motivo estranho e apesar da maioria dos níveis só começar após carregar num botão para avançar depois de ler a frase, existem uns quantos que se iniciam automaticamente sem dar tempo de a ler.
Os noventa níveis encontram-se divididos entre as quatro estações do ano e possuem algumas variações na jogabilidade mas nada de muito drástico, já que o único movimento possível de ser executado para além de andar é saltar. O nível de dificuldade é também algo baixo e rapidamente se percebe a forma de resolver cada um dos níveis. Caso o jogador não o consiga fazer sozinho, basta carregar no botão X e o jogo completa cerca de 80% desse nível, deixando somente o final à imaginação do jogador. A longevidade de I and Me é algo reduzida e em abono da verdade, não existe motivo algum para voltar a este jogo após o ter completado, sendo que mesmo jogando uma única vez denota-se alguma saturação, visto que existem muitas semelhanças entre os níveis.Em termos de som e grafismo, a mesma crítica pode ser apontada. Ambos inicialmente deslumbram, pois demonstram qualidade artística e enquadram-se bem no espírito do jogo mas tornam-se repetitivos. O grafismo pouco ou nada muda, mesmo entre estações do ano, apenas existe uma diferença notória na tonalidade e a música muda ligeiramente de estação para estação e estaria adequada se o jogo tivesse metade da duração. Assim prolonga-se no tempo e torna-se saturante.
Já no que concerne a jogabilidade, está apuradíssima. Os gatos respondem como se espera e apesar de se morrer várias vezes ao longo do jogo (a facilidade na percepção da resolução do nível não implica a mesma facilidade na sua resolução) o facto de não existir tempo algum de espera entre vidas alivia um pouco a saturação sentida nos restantes aspectos.
Conclusão
I and Me é um jogo interessante e competente que tenta prolongar a sua estadia mais do que devia. É verdade que o jogo já é curto assim mas talvez com metade dos níveis onde não existisse tanta repetição ele pudesse ser uma experiência memorável, assim é apenas um simples puzzle de plataformas que serve para entreter uns tempos mortos em que não se queira usar o cérebro em demasia.
O melhor
- Jogabilidade
- Agradável visual e sonoramente…
O pior
- …mas a repetição torna-o saturante
- Pouco desafiante
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ratalaika Games.