
ANÁLISE
Ninja Shodown
Combates intensos.
Por João Dias a
O nome Ninja Shodown pode induzir alguns jogadores de longa data em erro - não, não se trata de uma nova versão de uma série da SNK, trata-se de um jogo perfeitamente autónomo da Bitmap Bureau que chega à eShop da Switch pela mão da Rising Star Games.
Ninja Shodown é um jogo de acção bastante intensa onde o jogador tem de trucidar as vagas de inimigos que lhe são largadas ao longo de cinco níveis para poder avançar. Cada nível consiste num ecrã onde os inimigos saem de várias portas e o jogador vai ter de os eliminar com o seu ninja. A cada vaga os inimigos são mais hábeis - mais rápidos, mais resistentes ou mais móveis. Os ataques são simples - o ninja do jogador dispõe de um ataque directo com a sua espada que funciona com o botão Y. Ao longo do jogo vão aparecendo caixas com shurikens e com armas especiais que o jogador pode utilizar. Se os shurikens são bastante úteis e podem fazer toda a diferença no que diz respeito a eliminar inimigos à distância, as armas especiais têm um registo menos constante - algumas como a Uzi e a magia são bastante práticas, outras como as bombas e os cocktails molotov têm contrapartidas que podem levar a perder uma vida facilmente. Pois...os códigos de honra das sociedades secretas nipónicas ancestrais ficaram à porta neste jogo.
Este é o momento para indicar uma característica que deve ser sempre tida em conta: em Ninja Shodown, basta um contacto com um inimigo para perder uma vida. A isto se juntam os efeitos secundários de algumas armas do jogador e um tempo de recuperação muito curto, já que após perder uma vida o jogador tem aproximadamente um segundo de estado de graça até mais um toque inimigo o aliviar de outra vida, pelo que os menos atentos podem facilmente cair numa espiral de desespero se perderem uma vida. Um bom desempenho após cada vaga de inimigos é recompensado com uma vida extra e isto é absolutamente fundamental, já que ao perder a última vida o jogador é obrigado a recomeçar o jogo de início. Pode ser um jogo curto mas este aspecto torna-o numa experiência bem mais frustrante que a sua curta extensão permite antever.Se a acção é rápida e intensa, o que é muito positivo para Ninja Shodown, ela também não deixa de precisar de melhorias. O ninja do jogador move-se muito rapidamente (seria estranho se um ninja não o fizesse) e quando se vê cercado por vários inimigos é obrigatório eliminá-los rapidamente. Neste aspecto o jogo recompensa os encadeamentos, ou combos, com uma pontuação mais elevada. Infelizmente os movimentos do jogador não estão a isso adaptados e os golpes da espada não foram optimizados a pensar em cadeias de golpes. Isto significa que rapidamente depois de eliminar um inimigo é bastante fácil ser destruído pelo próximo, uma vez que na fracção de segundo que o jogador tem para carregar no botão Y o inimigo pode antecipar-se...e obviamente, todo o contacto é fatal. Nota-se também um ligeiro mas mortífero problema nos golpes aéreos, em que não raras vezes fica a impressão que o jogo não reconheceu o toque no botão Y a tempo. Por outro lado, o chamado ataque "piledriver", executado no ar e em alta velocidade em direcção ao chão, dá uma enorme satisfação, sobretudo se permitir trucidar dois ou três inimigos de seguida. Um elemento frustrante (e reconhecível) é a dificuldade em matar inimigos mais pequenos, que facilmente passam ao lado dos shurikens e dos ataques de espada.
A boa notícia é que Ninja Showdown não se esgota aqui. Se o modo principal tem os seus aspectos frustrantes, ele não está vedado a um único jogador e até quatro jogadores podem participar em modo cooperativo, cada um com um Joy-Con. Isto torna a experiência mais acessível e gratificante, já que os níveis são bastante mais simples de gerir quando jogados por mais mais que duas mãos, desde que por detrás dessas mãos estejam cérebros competentes. A um ou até a quatro é igualmente possível jogar o modo "infinite" que como o nome indica, consiste numa experiência interminável e onde os inimigos se sucedem até o (último) jogador morrer. Já em "versus" as perspectivas são mais simpáticas. Ninja Shodown parece ter sido feito a pensar mais no mulitjogador do que a solo e nesta sua vertente competitiva o jogo inclui quatro modalidades, que em geral se dividem entre matar o adversário mais vezes ou disputar um prémio com o adversário - neste caso concreto, moedas ou uma coroa.Ninja Shodown é assim um jogo divertido, intenso mas que podia sem dúvida melhorar alguns aspectos para se tornar mais fluido e impôr menos obstáculos desnecessários. Mais investimento na componente de combate a solo seria algo muito bem-vindo e os momentos em que se fica com a impressão que o ninja não respondeu a tempo ao comando de usar a arma são demasiados. Não sendo este um jogo com o objectivo de fazer uma revolução, não se deve colocar uma fasquia demasiado alta mas esses aspectos poderiam ter feito uma grande diferença. Não será pelo ambiente audiovisual que Ninja Shodown se vai destacar ou prejudicar, já que o visual colorido e com aspecto de 16-bit mais avançado e a banda sonora, bem como os comentários pejorativos de uma voz ameaçadora, não podiam ser mais indicados para um jogo com este conceito. Apesar de tudo, os sprites são um pouco pequenos para o nível de atenção exigido.
Conclusão
Fosse este um jogo feito sobretudo para um jogador e a conclusão final teria forçosamente de ser mais dura, já que quem procura passar algum tempo a solo com Ninja Shodown vai ficar aquém do que o jogo permite. Sendo uma obra que sobressai em multijogador, o veredicto final tem de reconhecer isso mesmo mas sem deixar de ressalvar que as falhas que afectam a experiência a solo também se repetem quando há mais jogadores envolvidos, com a diferença que são mais fáceis de colmatar se as mãos que pegam nos Joy-Con forem hábeis e ligeiras, o que lhes permite terminar Ninja Shodown em cerca de trinta minutos.
O melhor
- Acção bastante intensa
- Boa experiência multijogador
O pior
- Experiência a solo sabe a pouco
- Falhas que prejudicam um jogo intenso
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Rising Star Games.
23 de Outubro, 2017, 10:40